"Não esperamos que a República Popular da China garanta o acesso necessário para realizar uma avaliação completa e franca da situação dos direitos humanos em Xinjiang", realçou o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Ned Price.

A Alta-Comissária da ONU para os Direitos Humanos vai visitar a China entre 23 e 28 de maio, viagem que a levará à região de Xinjiang, onde Pequim é acusado de violações sistemáticas contra minorias étnicas, foi hoje divulgado.

A diplomacia norte-americana lamentou também que a enviada da ONU ainda não tenha publicado um relatório sobre Xinjiang, onde os Estados Unidos acusam as autoridades chinesas de perpetrarem um "genocídio" contra os uigures.

"Apesar das repetidas garantias dos seus serviços sobre a rápida publicação do relatório, ainda não está disponível e apelamos à Alta-comissária para que publique o relatório sem demora e sem esperar pela visita", insistiu Ned Price.

O porta-voz do Departamento de Estado criticou o "silêncio contínuo diante das evidências esmagadoras de atrocidades em Xinjiang e outros abusos de direitos humanos em toda a China".

Segundo indicou o gabinete de Michelle Bachelet, a visita inclui as cidades de Cantão, no sul, e de Urumqi e Kashgar, ambas na região de Xinjiang, extremo oeste do país, onde nos últimos anos foram relatadas graves violações dos Direitos Humanos contra os uigures e outros membros de minorias étnicas chinesas de origem muçulmana.

Bachelet vai encontrar-se com altos funcionários, ao nível nacional e local na China, e dará uma palestra na Universidade de Cantão.

A Alta-Comissária vai dar uma conferência de imprensa no último dia da visita, esclareceu o comunicado divulgado pelo seu gabinete.

Um grupo do gabinete das Nações Unidas liderado por Bachelet chegou à China no dia 25 de abril, para preparar a visita. O grupo teve de cumprir um período de quarentena, imposto a quem chega ao país asiático oriundo do exterior.

Nos próximos meses, a ex-Presidente chilena Michelle Bachelet deverá publicar um relatório sobre a situação em Xinjiang, que ficará à consideração de Pequim, para que as autoridades chinesas se possam pronunciar.

De acordo com organizações de defesa dos Direitos Humanos, pelo menos um milhão de uigures e membros de outras minorias de origem muçulmana, estão ou foram encarcerados em campos de doutrinação em Xinjiang, e colocados sob vigilância apertada pelas autoridades.

Pequim contesta, dizendo que são centros de treino vocacional, destinados a afastá-los de movimentos terroristas e separatistas.

A organização não-governamental (ONG) de defesa dos Direitos Humanos Human Rights Watch (HRW) expressou hoje o seu receio de que o Governo chinês use a visita como um "golpe de propaganda" e alertou que a credibilidade da ex-Presidente chilena "está em jogo".

A ONG também assegurou que as autoridades chinesas possivelmente vão pressionar Bachelet para continuar a adiar a divulgação do referido relatório ou para mitigar as suas conclusões.

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