"A reunião de hoje ficou marcada pelas imagens horríveis dos ataques cometidos pelo exército russo contra civis na Ucrânia. Estamos todos chocados e estamos prontos a intensificar as sanções e o apoio ao povo da Ucrânia", declarou Paschal Donohoe, falando em conferência após uma reunião do Eurogrupo, no Luxemburgo.

Frisando ser "muito importante manter a unidade que tem caracterizado a resposta" da União Europeia (UE), Paschal Donohoe anunciou um debate na terça-feira, já ao nível dos ministros das Finanças dos 27, no Ecofin, sobre "outras ações" a adotar.

A ser estudado pela UE está, então, o reforço das sanções financeiras aplicadas pela UE contra o regime russo, como o alargamento do congelamento de bens a mais oligarcas russos ligados ao Presidente, Vladimir Putin.

Também presente na ocasião, o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, declarou ser "clara a necessidade de reforçar a unidade europeia e de aumentar a resposta" aos ataques russos, nomeadamente através de mais medidas restritivas.

Esta tarde, a presidente da Comissão Europeia anunciou uma investigação da UE a alegados crimes cometidos em Bucha e noutras cidades ucranianas pelas tropas russas, salientando que os "perpetradores de crimes hediondos não podem ficar impunes".

A organização dos direitos humanos Human Rights Watch denunciou, no domingo, que nas zonas da Ucrânia sob controlo russo foram feitas "execuções sumárias", entre outros "abusos graves" que podem configurar crimes de guerra.

A retirada das tropas russas do norte de Kiev permitiu ver indícios de alegadas execuções sumárias de várias centenas de civis no subúrbio de Bucha e noutras áreas.

A Ucrânia acusou a Rússia de genocídio, alegando ter encontrado os corpos de 410 civis na região de Kiev, atualmente sob controlo ucraniano.

Na cidade de Bucha, a noroeste da capital ucraniana, cerca de 300 pessoas foram enterradas em valas comuns, de acordo com as autoridades ucranianas.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.430 civis, incluindo 121 crianças, e feriu 2.097, entre os quais 178 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de dez milhões de pessoas, das quais 4,1 milhões para os países vizinhos.

Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

ANE // CSJ

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