"Não damos qualquer valor, porque aqui nos Açores já é recorrente, e parece que é apenas para encher notícias e manchetes de jornais. Não estamos nada preocupados e não vamos mudar a nossa gestão diária apenas por causa de vontades impulsivas de um partido", afirmou Pedro Neves, em declarações à Lusa.

O deputado único do Chega nos Açores, José Pacheco, disse na quarta-feira que "acabou" o apoio do partido ao Governo Regional e avançou que pretende reprovar o próximo Orçamento da região, que vai ser discutido no final do ano.

"Quando nos sentimos enganados, temos de dizer ao nosso parceiro que fomos enganados e que não podemos confiar neles. Obviamente que, em novembro, temos um Orçamento e está aqui a garantia do deputado do Chega José Pacheco: o orçamento está chumbado", adiantou à Lusa.

Apenas os grupos parlamentares podem apresentar moções de censura ao Governo Regional no Parlamento açoriano, mas o executivo da coligação PSD/CDS-PP/PPM está dependente dos acordos de incidência parlamentar com os deputados únicos da Iniciativa Liberal e do Chega e com o deputado independente Carlos Furtado (ex-CH), para ter maioria parlamentar.

Questionado sobre a ameaça de chumbo do orçamento, Pedro Neves disse que o anúncio tem "um 'timing' complemente desproporcionado".

"Já está a dizer que vai chumbar e não sabe o que é que será apresentado", afirmou.

Quanto ao argumento de José Pacheco de que as propostas do Chega não foram contempladas no orçamento deste ano, como tinha sido imposto para viabilizar o documento, o deputado PAN lembrou que o orçamento de 2022 "mal começou".

"Como é que uma pessoa, no princípio do orçamento, pode dizer que as coisas não estão a ser cumpridas, quando ainda faltam tantos meses para que o Governo cumpra com o que prometeu?", questionou.

Para Pedro Neves, os deputados regionais deviam estar mais focados em "dar a pressão política necessária" na comissão de inquérito ao processo de criação das Agendas Mobilizadoras do Plano de Recuperação e Resiliência.

"Da parte do PAN, não estamos nada surpreendidos. É simplesmente o partido a brincar na areia, quando devia ter mais responsabilidade e mais maturidade, porque estamos a falar da vida dos açorianos", afirmou.

"É para os açorianos perceberem que o Chega é isto. Em vez de trabalhar em prol dos açorianos, trabalha para dentro, apenas para manchetes de jornais. É um partido sensacionalista", rematou.

A Assembleia Legislativa dos Açores é composta por 57 deputados, sendo que, na atual legislatura, 25 são do PS, 21 do PSD, três do CDS-PP, dois do PPM, dois do BE, um da Iniciativa Liberal (IL), um do PAN, um do Chega e um deputado independente (eleito pelo Chega).

A coligação pós-eleitoral (PSD/CDS-PP/PPM) que formou governo dos Açores fez acordos de incidência parlamentar com o Chega e o deputado independente, ao passo que o PSD o fez com o deputado único da IL.

CYB (RPYP) // ACG

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