A escola de 1.500 alunos é conhecida por um modelo de ensino individualizado que recorre a novas tecnologias. Os alunos não carregam livros, mas 'tablets' com um 'software' que inclui todos planos de aula e materiais necessários.

O estabelecimento, onde os alunos falam 27 línguas diferentes, 60 por cento pertence a minorias étnicas e 71 por cento vem de famílias de baixo rendimento, foi eleito a melhor escola secundária em ambiente urbano pelo National Center for Urban School Transformation em 2014.

Garcia nasceu em Cabo Verde, há 53 anos, mas mudou-se para Angola com os pais quando tinha apenas 18 meses. A família regressou depois ao arquipélago em 1975, para fugir da guerra civil, e o jovem alistou-se no exército, onde serviu por 15 anos.

Depois de terminar o secundário, foi para a Academia Militar de Odessa, na Ucrânia, com uma bolsa do exército, onde passou quatro anos a licenciar-se em estudos políticos e militares.

De regresso ao arquipélago, foi diretor da escola militar para cadetes e ensinou geografia, ao mesmo tempo que completava uma segunda licenciatura na Escola de Educação da Praia.

Em 1995, imigrou para os EUA, seguindo o exemplo dos pais e de uma irmã.

"Foi uma época difícil", disse Garcia, que trabalhou num supermercado e numa lavandaria, ao Boston.com.

No ano seguinte, foi contratado como professor de estudos sociais e linguística, ocupação que manteve durante 10 anos, enquanto completava um mestrado em linguística aplicada e um doutoramento em educação na UMass-Boston.

Enquanto isso, esteve sempre envolvido com a comunidade cabo-verdiana da região, tendo sido como presidente da Associação Cabo-verdiana de Brockton.

Chegou à escola de Revere em 2010, depois de ter sido diretor-adjunto e diretor em outros dois estabelecimentos.

Desde que chegou, a escola ultrapassou a média do estado nos exames, baixou a taxa de desistência para 2,1 por cento e a assiduidade subiu para 95 por cento.

"Já estive numa variedade de países e tive de lidar com pessoas de diferentes culturas, isso deixa-me com vontade, e entusiasmado, de trabalhar num ambiente diverso", explicou.

O diretor, que fala português, espanhol, russo, crioulo e inglês, disse que a sua experiência lhe dá "uma perspetiva e entendimento cultural muito sólido".

A escola estimula que os alunos formem associações de acordo com a sua identidade e interesses, tendo, por exemplo, clubes de poesia ou ioga e agrupamentos de alunos LGBT, muçulmanos ou latinos.

"Aqui eles têm voz ativa", disse o diretor, acrescentando que várias decisões já foram revistas por pressão dos estudantes.

Carcia estimulou também a concentração do ensino em menos blocos, mais prolongados, e a cooperação entre várias disciplinas, criando períodos específicos para ensino individualizado.

"Sabemos que as crianças aprendem de formas diferentes. As escolas, sobretudo aquelas em ambientes urbanos, têm obrigação de as oferecer. Estabelecer ligação com um aluno é difícil devido à dimensão e complexidade de uma secundária, mas essa ligação é fundamental para o sucesso social e académico", disse o cabo-verdiano.

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