"O maior banco angolano BPC [Banco de Poupança e Crédito] está a ser restruturado, vai entrar em restruturação o BCI e vai ser restruturada a UIF [Unidade de Informação Financeira], a entidade que faz prevenção e combate ao branqueamento de capitais", disse.

Valter Filipe Silva falava num seminário no Instituto Real de Relações Internacionais, conhecido por Chatham House, em Londres, onde deu conta que os outros bancos em funcionamento no país "estão a implementar ou em vias de implementar" novos mecanismos e normas de proteção de risco.

"Aprovámos e estamos a implementar um plano de estratégia para o sistema financeiro que vai seguir as normas e práticas internacionais, as normas estabelecidas pelos reguladores americanos e europeus", garantiu o responsável do banco central.

Os bancos comerciais angolanos, indicou, vão passar a seguir as normas de Basileia II e Basileia III, não só em termos de contabilidade e supervisão, mas também de combate ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo e proteção de risco [compliance].

O próximo passo, acrescentou, será o pedido em janeiro ao Banco Central Europeu para ser avaliada a equivalência da supervisão bancária, a qual, defende, "tem todas as condições para ser dada".

O reconhecimento internacional do BNA como entidade credível de supervisão é um assunto particularmente relevante para a banca angolana, que devido à pressão internacional tem sido afastada do acesso ao mercado de divisas (dólares).

Há precisamente um ano foi noticiado que a Reserva Federal dos Estados Unidos decidiu suspender a venda de dólares a bancos sediados em Angola, devido à alegada contínua violação das regras de regulação do setor e suspeita de que o país possa estar a financiar redes de terrorismo.

Segundo o governador do BNA, o valor dos pagamentos em atraso nos bancos devido à falta de divisas caiu de cinco mil milhões de dólares em março para entre 2,5 mil a 3 mil milhões de dólares.

Além da limitação da saída de dólares do país, o BNA passou também a disponibilizar divisas de 600 milhões de dólares mensais ao sistema financeiro para regularizar os atrasos nos pagamentos.

Valter Filipe Silva enfatizou a solidez das reservas líquidas do Estado, que ultrapassa os 20 mil milhões de dólares, e admitiu uma provisão mil milhões de dólares no primeiro trimestre do próximo ano para reduzir os atrasos.

"Temos muitas reservas e temos elasticidade para fazer uma política cambial mais positiva", garantiu.

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Lusa/fim