O Ramadão, um dos cinco pilares em que assenta a religião muçulmana, deverá começar hoje ou sábado na Guiné-Bissau, porque depende da Lua, astro pelo qual se orienta o calendário dos muçulmanos.
Em declarações à agência Lusa, Umaro Djaló, funcionário da Câmara Municipal de Bissau, disse que não costuma ir ao mercado de Bandim (principal centro de compras do país), mas por estes dias é o próprio que se preocupa em adquirir comida para o Ramadão.
Djaló já comprou arroz, óleo alimentar, faltando apenas dinheiro para ir comprar carne e peixe para os dias do Ramadão.
"Nos dias do Ramadão a família tem de comer boa comida", enfatizou Umaro Djaló, lembrando ser responsabilidade de "um bom chefe da família" dar boa alimentação aos seus, sobretudo em dias do Ramadão.
Umaro Djaló disse estar "feliz e contente" com a chegada do Ramadão que é "um grande acontecimento", por permitir "uma maior demonstração da fé entre os muçulmanos".
Durante o Ramadão, os muçulmanos não podem, entre as 05:00 e as 19:00, comer, beber, fumar ou ter relações sexuais, podendo alimentar-se apenas depois de o sol desaparecer.
Na Guiné-Bissau, país onde 45% da população é muçulmana, depois do por do sol os guineenses comem 'muni' - uma sopa doce à base de milho-, bebem chás de ervas domésticas, nomeadamente 'djambakatan' ou 'kankeliba', e comem arroz com carne ou peixe.
Pão, mangas, maçãs e tâmaras são outros alimentos ingeridos durante a noite.
O profeta Maomé, líder do Islão quebrava o Ramadão com tâmaras.
Durante os dias do Ramadão, é frequente constatar uma inusitada enchente nas mesquitas guineenses uma vez que os que observam aabstinência estão também obrigados a rezar mais e a ler o Corão, livro litúrgico dos muçulmanos.
Mesmo os muçulmanos pouco praticantes comparecem nas mesquitas e deixam de lado as práticas não recomendadas pelo Islão, como o consumo de bebidas alcoólicas.
As mulheres muçulmanas mudam as suas vestimentas, passando a usar indumentárias mais recatadas (sem decotes), deixando de lado as calças.
Os jovens também fazem uma vida mais serena e não frequentam durante o período do Ramadão discotecas nem participam em atividades lúdicas.
O Ramadão também influencia a presença dos funcionários públicos nos locais de trabalho, já que, muitos, por ficarem até altas horas nas mesquitas ou na leitura do Corão, dormem durante o dia, e outros tiram férias.
MB // HB
Lusa/Fim
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