A medida surge nove anos depois de uma tentativa de aumento de preços ter provocado manifestações violentas.

Desta vez, segundo Castigo Nhamane, o executivo e a Fematro vão estudar formas de tornar os autocarros acessíveis aos transportadores, de modo a que o ónus do custo não seja imputado aos passageiros.

"O compromisso é que os autocarros cheguem ao país ainda este ano e com eles seja atenuada a crise de transporte nos principais centros urbanos do país", afirmou Nhamane.

Com um reforço de frota e a custos bonificados, prosseguiu o presidente da Fematro, será possível atenuar a situação de quase falência em que se encontram os transportadores moçambicanos.

"O subsídio aos transportadores que o Governo vem canalizando desde 2008 deixou de ser útil, porque paga uma parcela insignificante dos custos de operação e não salvou os transportadores da quase falência", declarou o presidente da Fematro.

O subsídio, continuou Castigo Nhamane, foi concebido para mitigar o custo de combustível para o transporte público, mas o negócio acarreta outras despesas, que se vão tornando incomportáveis para a atividade.

"O subsídio foi introduzido em 2008, para um universo 2.500 viaturas, mas, atualmente, operam no ramo 8.025 viaturas que estão inscritas na Fematro", disse Nhamane.

De acordo com Castigo Nhamane, os 42 milhões de meticais (584 mil euros) que o executivo canaliza para os transportadores públicos de passageiros privados são um ónus para os cofres do Estado e não resolvem o crónico problema de transporte.

"Mesmo com o subsídio, um estudo que realizámos em 2015, mostrava que uma passagem devia custar 19 meticais (0,26 cêntimos), contra a média de sete (0,09 cêntimos) e nove meticais (0,12 cêntimos) que a passagem custa agora nas principais cidades do país. E com o passar do tempo, o custo real deve ter triplicado", acrescentou Nhamane.

Mesmo com a chegada de novos autocarros, adiantou o presidente da Fematro, o incremento da tarifa de viagem pode mostrar-se inevitável, dado o agravamento de custos inerentes à atividade.

O preço de viagem nas principais cidades moçambicanas é uma questão muito sensível, desde que uma tentativa de aumento da tarifa em 2008, acompanhada pela subida de preços noutros serviços sociais básicos, desencadeou manifestações violentas, que resultaram em mortes e destruição de património público e privado.

Apesar de as principais cidades do país contarem com um serviço de transporte gerido pelo Estado, através dos municípios, a circulação de pessoas e bens é fundamentalmente dependente do setor privado, que opera pequenos autocarros de 15 lugares, conhecido como "chapas".

Apesar de terem capacidade para 15 passageiros, "os chapas" chegam a transportar quase o dobro nas horas de ponta, sendo frequentes acidentes mortais envolvendo este tipo de veículos.

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