Em causa estão as declarações feitas na terça-feira pela presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Janira Hopffer Almada, após uma reunião com o Conselho de Administração (CA) dos TACV, para preparar uma interpelação parlamentar ao Governo sobre os transportes no país.

Após o encontro, a líder partidária disse à imprensa que o seu partido está "muito preocupado" com a situação da transportadora aérea pública do país, afirmando que é preciso realizar uma reestruturação na empresa para a sua venda.

Janira Almada disse ainda que neste momento "não há visão nem estratégia" para os TACV, que o CA está apenas a fazer "gestão corrente para resolver problemas" e não assume qualquer responsabilidade em matéria de privatização.

A responsável disse que a "solução verdadeira" para a empresa é a reestruturação para logo depois avançar para a sua privatização, como defendia o anterior Governo, do qual foi ministra.

Em comunicado divulgado hoje, o Conselho de Administração, liderado há 11 meses por José Luís Sá Nogueira, indicou que encontrou os TACV em "descalabro" e que está a realizar uma série de ações para garantir a continuidade da operação "que estava em risco de paralisar".

O CA afirmou que explicou ao grupo parlamentar do PAICV, "de forma clara e responsável" a situação de "descapitalização e da dívida acumulada" da TACV que ultrapassava os 12 mil milhões de escudos (mais de 10 milhões de euros) em 2015.

"Bem como o prejuízo gerado somente em 2015 de mais de 4 mil milhões de escudos (3,6 milhões de euros) na sua única atividade produtiva. Um défice de exploração de mais de trezentos mil milhões de escudos (2,7 milhões de euros) /mês", lê-se no comunicado.

Os TACV adiantou que informou o PAICV que tem um "plano de emergência" de dois anos para assegurar a sobrevivência da companhia aérea, face à situação de "profundo desequilíbrio operacional, económico e financeiro".

Também disse que informou o grupo parlamentar do PAICV que tem "uma visão e uma estratégia para o futuro a longo prazo da companhia, mas que na primeira fase da sua missão era imperativo investir todos os esforços na garantia da sua sobrevivência".

Em 11 meses de mandato, o Conselho de Administração dos TACV indicou que já tomou várias ações que contribuíram para a "redução substancial "dos gastos, tendo o défice operacional de transporte aéreo reduzido em cerca de 40%.

Os TACV informaram que em 2016 o tráfego global de passageiros cresceu 4,1%, sendo que doméstico verificou-se um aumento de 8,89% e regional 30,87%.

Já o trafego de longo e médio curso, teve uma queda de 7%, sublinhando que só não foi maior devido ao facto de ter decidido por uma utilização intensiva do Boing 757, tendo este estado próximo da sua capacidade máxima de exploração.

Relativamente às privatizações, o Conselho de Administração avançou que tem vindo a dar "todo o suporte ao Governo", mas que as políticas são matéria do Governo e não dos TACV.

José Luís Sá Nogueira tomou posse como presidente do CA da transportadora aérea de Cabo Verde a 03 de maio do ano passado e sublinhou a necessidade de executar um plano de emergência para garantir o funcionamento da companhia, que é detida em 100% pelo Estado.

Já o ministro da Economia, José Gonçalves, anunciou a realização de uma auditoria técnica e financeira para apurar a situação da empresa, que acumulou, desde 2012, uma dívida de mais de 10 milhões de euros.

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