O Estado hebreu vê como uma ameaça à sua segurança o programa nuclear do Irão, país inimigo que acusa de querer obter a bomba atómica, o que Teerão sempre negou.

A República Islâmica "roubou documentos confidenciais da AIEA e usou essas informações para evitar sistematicamente inspeções" sobre o seu programa nuclear, declarou o primeiro-ministro israelita, Naftali Bennett, numa mensagem publicada na rede social Twitter.

Bennett juntou à sua mensagem um 'link' da internet para vários documentos em persa apresentados como confidenciais e traduzidos para o inglês, bem como fotos que deveriam apoiar as suas observações.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão afirmou hoje que o último relatório da AIEA sobre instalações nucleares não declaradas no Irão não era "equilibrado" nem "justo".

"Infelizmente, este relatório não reflete a realidade das negociações entre o Irão e a AIEA", disse o porta-voz do Ministério iraniano, Said Khatibzadeh, aos jornalistas.

Tearão reagia à publicação na segunda-feira de um novo relatório da agência da ONU.

A AIEA declarou ter questões "não resolvidas" sobre vestígios de urânio enriquecido em três locais não declarados em Marivan (oeste), Varamin e Turquzabad, na província de Teerão.

A agência da ONU alega ter pedido, sem sucesso, que as autoridades iranianas explicassem a presença deste material naqueles locais.

Segundo a AIEA, o armazenamento de urânio enriquecido está próximo de atingir a quantidade necessária para construir uma bomba atómica.

O relatório da AIEA vai ser analisado no Conselho de Governadores da organização, na próxima semana, quando estão paralisadas as negociações para tentar salvar o acordo nuclear internacional com o Irão.

As conversações entre o Irão e a AIEA estão a ser conduzidas em paralelo com as discussões sobre a recuperação do pacto nuclear de 2015, que estão a ser realizadas em Viena.

O acordo internacional, assinado em 2015, ficou praticamente sem efeito desde a retirada unilateral dos Estados Unidos, em 2018, durante o mandato do ex-Presidente Donald Trump, que alegou falta de cumprimento por parte de Teerão e restabeleceu sanções ao Irão.

Em resposta, o Irão deixou gradualmente de respeitar as duras restrições que tinham sido impostas ao seu programa nuclear.

A eleição do atual Presidente norte-americano, Joe Biden, permitiu relançar, na primavera de 2021, em Viena, os esforços para recuperar o acordo, mas as negociações estão estagnadas desde março.

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