Com alguma chuva já a cair, e depois dos discursos políticos, Lú-Olo ficou no palco, pegou na guitarra elétrica e chamou Alkatiri e outros destacados apoiantes da campanha para a música que encerrou o comício.

Em jeito de concerto, Alkatiri fez a vez de vocalista principal, percorrendo o braço mais comprido do palco, para junto dos apoiantes, muitos montados numa vedação de metal, que fizeram coro, acenando dezenas de bandeiras da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin).

Lú-Olo, cujos talentos na guitarra têm marcado vários comícios, tinha momentos antes voltado a defender o seu mandato, que oficialmente termina em 20 de maio, apelando à eleição para mais cinco anos.

Disse estar "pronto" para o segundo mandato, considerando uma "honra" recandidatar-se para "poder continuar a defender a lei e a Constituição" e para "defender a estabilidade e servir o povo".

Um discurso em que vincou as competências do chefe de Estado e respondeu aos que o acusam de ter violado a Constituição durante o seu mandato.

"Chamaram-se furador da Constituição, mas não conseguem argumentar ou explicar que artigo da Constituição é que violei. Eu exerci as minhas competências para garantir a paz e estabilidade", insistiu, no discurso no campo de futebol Dom Bosco, na zona ocidental da cidade.

Este foi o segundo comício do dia, em Díli, organizado pela campanha de Lú-Olo, que na terça-feira participa no debate dos candidatos presidenciais, organizado pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) e que encerra a campanha com um grande comício em Tasi Tolu, na quarta-feira.

A música tem sido um dos componentes principais dos grandes comícios de campanha dos principais candidatos, com os líderes a cantar, dançar e a saltar no palco, animando os apoiantes em intervalos dos discursos mais políticos.

Também no palco, Mari Alkatiri respondeu a várias críticas que têm sido feitas, especialmente por parte da candidatura de José Ramos-Horta, à atuação do Presidente da República durante o seu mandato, e ainda a algumas polémicas da campanha.

Questões como o que disse ser uma "sondagem encomendada" à televisão privada GMN, considerada próxima do CNRT de Xanana Gusmão -- que apoia a candidatura de Ramos-Horta -- e que dá uma vitória folgada ao ex-Presidente e Nobel da Paz.

Contestou ainda as várias referências feitas na campanha à atuação do atual Governo -- de que o seu partido faz parte -- insistindo que o que está em jogo é o cargo de Presidência da República e não do parlamento e Governo.

Depois pediu uma grande mobilização em Díli, dos quatro cantos do município, no comício de encerramento em Tasi Tolu, na quarta-feira, que ocorre 24 horas depois de, no mesmo local, José Ramos-Horta encerrar a campanha.

"Vamos ter uma maré vermelha em Tasi Tolu", disse, pedindo aos militantes e apoiantes que se comecem a concentrar cedo.

O espaço é, tradicionalmente, o mais usado para mostrar a força das candidaturas, acolhendo ali sempre os maiores comícios.

Alkatiri pediu o voto de todos em 19 de março e defendeu que é crucial apoiar Lú-Olo para "manter a estabilidade" no país, tão necessária, vincou, para o desenvolvimento nacional, deixando críticas à exigência do CNRT e de Xanana Gusmão de que, se Ramos-Horta vencer, deve dissolver o parlamento.

"Dizem que a primeira coisa que vão fazer é dissolver o parlamento. Em português isso chama-se um golpe, um golpe palaciano", afirmou.

A campanha eleitoral termina na quarta-feira, com vários dos 16 candidatos em ações de campanha em Díli, antes de dois dias de reflexão e do voto no sábado.

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