"Que fique claro, que o combate ao terrorismo em Cabo Delgado, além de soluções militares, requer soluções económicas e sociais", disse Lutero Simango.

O presidente do MDM falava, no final da noite de sábado, na abertura da segunda sessão ordinária do partido, um encontro de dois dias que junta quadros da terceira força política parlamentar em Chimoio, na província de Manica, centro de Moçambique.

Para o líder do MDM, a adoção de políticas económicas e sociais inclusivas para o Norte de Moçambique pode travar o recrutamento de jovens pelos grupos rebeldes, evitando o sofrimento das populações que continuam a ser vítimas da "barbaridade" do terrorismo na região.

"Toda tendência à violência deve ser condenada [...], os nossos concidadãos de Cabo Delgado têm sofrido, desde 2017, ataques, agressões e violência armada. Queremos endereçar a nossa solidariedade", frisou Lutero Simango.

A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

Há 784 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

Desde julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda, a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, mas a fuga destes tem provocado novos ataques noutros distritos usados como passagem ou refúgio temporário.

A 2.ª sessão ordinária do MDM junta de 150 delegados e convidados de todas as províncias, na ambição de debater relatório do secretariado que dirigiu o partido nos últimos anos, bem como estratégias para o fortalecimento da democracia dentro daquela força política.

Lutero Simango, engenheiro de formação, assumiu a liderança do MDM em dezembro, sucedendo ao seu irmão mais novo, Daviz Simango, fundador do partido que morreu em fevereiro vítima de complicações de saúde.

Além de ser a terceira força política no parlamento, com seis deputados, o MDM governa o município da Beira, segunda maior cidade do país.

A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) detém uma maioria qualificada de 184 dos 250 assentos parlamentares e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), a principal força de oposição, detém 60.

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