"Aqui na nossa equipa da campanha, não há apelidos Boavida, ou Gonçalves ou Pires. Aqui agora temos todos o apelido Ronaldo. Vota número sete", vinca, em tom de brincadeira, durante a introdução a um diálogo com centena e meia de jovens em Díli.

A dois dias do final da campanha, Milena Pires aposta os últimos diálogos em Díli, como o fazem, aliás, vários candidatos, com a capital a acolher até quarta-feira vários comícios e outras ações de campanha, incluindo dos favoritos.

A sua campanha foi essencialmente pequenos diálogos, em alguns dos locais mais isolados do país, muitos que a ex-embaixadora nas Nações Unidas nunca tinha visitado.

"Quisemos fazer estes diálogos comunitários porque achamos que é importante que a nossa campanha seja educativa. Transmitir o meu programa, mas também que as comunidades tenham oportunidade de dar a sua opinião e fazer perguntas, para um processo mais interativo", explica à Lusa, antes de abrir o espaço a perguntas.

"Quisemos levar esta eleição aos sítios mais remotos, porque sempre acreditei que o papel do Presidente tem de ser próximo do povo", explicou.

A campanha levou-a a zonas como Dilor, em Viqueque, a oito horas de viagem de Díli, a Fatudo ou outros postos mais isolados onde, explica, "os candidatos não estiveram".

Uma oportunidade também, nota, para verificar que "20 anos depois da restauração, continua a haver desigualdades sociais, injustiças sociais, uma grande diferença entre o desenvolvimento em Díli e nas áreas mais remotas".

Maliana "é conhecido como o município do jerry can (bidão) porque as pessoas continuam a ter de ir buscar água muito longe de casa", exemplifica.

A conversa de hoje decorreu num pequeno recinto coberto, no interior do Instituto de Educação de Timor-Leste, um dos centros de formação em Díli onde há cursos de inglês, português, coreano, administração e IT.

As delapidadas infraestruturas tornam evidentes as muitas carências com que ainda se depara o setor educativo em Timor-Leste, com os quadros das salas já mais azuis e pretos do que brancos, de tantas marcas sucessivas de caneta por apagar.

Para uma plateia jovem -- a data altura pergunta quem vai votar pela primeira vez e mais de metade da sala levanta a mão -- a candidata repete as mensagens que tem vincado durante a campanha.

É necessário assegurar a segurança alimentar da população, pressionar o Governo para introduzir e implementar políticas públicas que promovam a educação, a saúde e o bem-estar, tarefas do Governo, mas nas quais, enfatiza, o Presidente da República pode exercer a sua influência.

Um dos aspetos destacados é a questão da formação dos jovens, com a defesa de melhoria nos investimentos nos centros formais e informais, mas ao mesmo tempo a criação de condições para que quem se forma encontre trabalho.

"O Presidente pode ajudar a influenciar para garantir que fundos são canalizadas para as políticas públicas mais adequadas. E a formação de jovens é essencial", explica.

"Podemos assim ter jovens críticos e que analisem, que compreendam a situação do país e possam contribuir melhor", afirmou.

Cabe ao Presidente também, destacou, atrair investimentos externos, especialmente para os setores produtivos como a agricultura, criando assim os postos de trabalho necessários.

"Esta é uma prioridade para mim. Em todo o lado os jovens se queixam disso, de ano após ano não conseguirem trabalho. E sem trabalho não podem fazer a sua vida e constituir família", sublinha.

Milena Pires deixa apelos finais: nesta eleição, considera, não importa as caras ou as fotos, importa o programa que cada candidato apresenta.

"Por isso votem pelo programa. Vejam o meu programa e votem sete e digam às vossas famílias que votem sete", disse.

E à Lusa mostra-se confiante que a mensagem que tem passado se traduzirá em votos.

"Sei que estamos a marcar a diferença em termos do tipo da campanha que estamos a fazer, do tipo de audiência que estamos a atrair. Estou naturalmente otimista de que vamos marcar a diferença", afirma.

A campanha termina na quarta-feira e as urnas abrem às 07:00 de sábado para a primeira volta das presidenciais.

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