"Há um problema gravíssimo com a estrada do IC1 [itinerário complementar] entre Alcácer do Sal e Grândola e nos troços Santiago do Cacém até Sines, que nós chamamos 'estrada da morte'. Morreram recentemente quatro pessoas. É uma estrada de mercadorias, para sul e para norte, uma estrada do turismo, com cerca de oito mil viaturas por dia, em média, que está num estado calamitoso", acusou o presidente da Câmara de Alcácer do Sal (distrito de Setúbal), Vítor Proença.

O também presidente da CIMAL -- Comunidade Intermunicipal do Litoral Alentejano, que hoje se juntou ao protesto em Lisboa, afirmou que o "problema gravíssimo" é reconhecido há muitos anos, mas a reparação "tarda em não começar".

Vítor Proença lembrou ainda a questão do túnel do Marão, situação que foi resolvida "rapidamente" com vontade política do Governo, e lamentou que o atual Governo não trate a questão das estradas do litoral alentejano de igual forma.

O responsável lembrou, ainda, que todas as pessoas estão expostas ao "muito mau estado do piso" daquelas estradas e que todos reconhecem, mesmo os governantes, admitindo que esperava não ter chegado a este ponto de protesto.

O autarca frisou, também, não compreender o facto de como uma via pública nacional "de tão grande importância" estar na mão de privados e de, até agora, não haver acordo entre Estado e privados, nem pareceres quer do IMTT (Instituto da Mobilidade e dos Transportes) e do Tribunal de Contas.

"Nós todos sambemos que demora oito/nove meses para o processo de concurso público, entre o iniciar [do processo] e a obra. Vamos ter um 2017 sem uma intervenção e a estrada reparada", acusou.

As obras da A26-1, no traçado da via rápida já existente entre Vila Nova de Santo André e Sines, prevista no contrato da subconcessão Baixo Alentejo, começaram em 2010 e foram suspensas em 2012, tal como a construção da A26, entre Sines e Beja, tendo sido anunciada repetidas vezes a sua retoma, que não chegou a avançar.

O ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, anunciou na passada sexta-feira em Sines a retoma da obra na A26-1 e o prazo de conclusão para 31 de janeiro de 2017.

Os utentes aprovaram ainda uma moção à porta do Ministério de Pedro Marques, que posteriormente foi entregue ao chefe do gabinete do secretário de Estado das Infraestruturas, com quem tiveram uma curta reunião que, segundo os manifestantes, não deu quaisquer frutos.

"Infelizmente, parece que já vínhamos preparados para esta reunião. Foi mais do mesmo. Sobre a A26 existe uma grande divergência entre o senhor ministro e o chefe de gabinete do secretário de Estado das Infraestruturas. O ministro foi anunciar na passada sexta-feira, a Sines, o começo das obras no início desta semana, mas só vão começar no início de janeiro de 2017", disse Dinis Silva, porta-voz das comissões de utentes do litoral alentejano.

No final da curta reunião, Dinis Silva adiantou que, sobre o IC1, "estão a avaliar se devem reconverter a estrada, porque está sob um concessionário e pretendem passar para as Infraestruturas de Portugal".

"O que acontece é que está tudo na mesma e está tudo parado. E as pessoas ficam na estrada vítimas do seu estado", acusou, lembrando que agora a comissão de utentes vai reunir-se para decidir novas formas de luta.

Os utentes exigem o início das obras de reparação da infraestrutura rodoviária IC1 e a conclusão da A26-1, onde se inclui a retirada integral de todos os cones de sinalização existentes no troço de estrada entre Vila Nova de Santo André e Sines.

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Lusa/fim