Hermínio Loureiro começou a ser ouvido pela juíza de instrução criminal, Ana Cláudia Nogueira, cerca das 15:30 e saiu do Tribunal da Feira por volta das 23:00, regressando à cela da PJ do Porto, a fim de ai pernoitar pela quinta noite consecutiva, juntamente com os outros cinco arguidos detidos.

No sábado de manhã, a juíza de instrução criminal irá interrogar o ex-presidente do conselho de administração da Assembleia da República e ex-deputado social-democrata João Moura de Sá, que resolveu prestar declarações, apesar de inicialmente ter dito que não queria falar.

Para as 15:30 estão agendadas as alegações, devendo a decisão sobre as medidas de coação ser proferida apenas na segunda-feira,

Antes de Hermínio Loureiro, a juíza esteve a ouvir José Oliveira, presidente da Concelhia do PSD de Oliveira de Azeméis.

A advogada de José Oliveira disse à Lusa que o seu cliente "respondeu a todas as perguntas que lhe foram colocadas, no sentido de esclarecer alguns factos".

"Ele ficou surpreendido com o que se está a passar e está expectante", adiantou a advogada Graça Rodrigues.

Dos sete arguidos inicialmente detidos, dois já foram libertados, designadamente o presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis, Isidro Figueiredo, e o empresário Filipe Marques, com a condição de regressaram ao Tribunal para ouvir as medidas de coação, quando forem notificados para tal.

A operação "Ajuste Secreto" resultou de uma investigação que durava há um ano e culminou na passada segunda-feira com a detenção de sete pessoas.

Entre os detidos, o nome mais mediático é o do vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Hermínio Loureiro, que também foi presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis até dezembro de 2016, quando renunciou ao mandato.

O ex-autarca foi ainda secretário de Estado da Juventude e Desporto do Governo PSD chefiado por Santana Lopes e presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (2006-2010).

Na mesma operação foram ainda detidos o atual presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis, Isidro Figueiredo (PSD), o ex-presidente do conselho de administração da Assembleia da República e ex-deputado social-democrata João Moura de Sá, o presidente da Concelhia local do PSD, José Oliveira, e três empresários da construção civil.

Os arguidos são suspeitos de crimes de corrupção ativa e passiva, prevaricação, peculato e tráfico de influência. Em causa estarão ilegalidades cometidas em concursos públicos e nos ajustes diretos de obras municipais.

No decurso da operação foram realizadas 31 buscas, designadamente a cinco câmaras municipais (Oliveira de Azeméis, Estarreja, Albergaria-a-Velha, Matosinhos e Gondomar) e cinco clubes de futebol, todos do concelho de Oliveira de Azeméis, com a participação de cerca de 90 elementos da PJ e cinco magistrados do Ministério Público.

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