"O amor deve ser um critério de gestão e as empresas devem ter pessoas felizes o que as torna mais produtivas, mais leais e mais disponíveis", disse à agência Lusa o presidente da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE), organizadora do encontro, acrescentando que estes fatores geram um valor económico associado.

João Pedro Tavares explicou que a associação, que existe há mais de 60 anos e que tem como associados gestores e empresários de várias empresas portuguesas, tem como missão inspirar líderes na promoção da dignidade de cada pessoa.

Pautando-se por estar dentro dos princípios da doutrina social da igreja e dos valores cristãos, os associados desta comunidade assumem o compromisso de inspirar os outros na missão de tratar as pessoas com proximidade e de ter preocupações quer do ponto de vista social quer familiar.

Questões como a ética e a justiça intergeracional são preocupações da associação e será um dos temas em debate e partilha no encontro de hoje com as gerações jovens presentes.

A ACEGE NexT, comunidade que pretende representar as gerações mais novas de associados e futuros associados da ACEGE, reunirá no Museu do Oriente, em Lisboa, cerca de 150 jovens profissionais para discutir e aprofundar temas que os preocupam relativamente ao ser cristão em contexto profissional.

"Ao agregar os jovens também queremos mostrar que não estão sozinhos e que os seus desafios são comuns a outros. Há um desenvolvimento de sentido de pertença e de caminho comum ", disse.

João Pedro Tavares deu ainda um outro exemplo desta componente de consciência social e cristã que gestores e empresários associados têm de ter sempre presente: Quais os critérios a ser tidos em conta num despedimento?

"É uma realidade nas empresas e nós definimos um conjunto de critérios, primeiro avaliar se existem alternativas ao despedimento, tratar as pessoas com a máxima dignidade promovendo formas de as reintegrar e evitar despedir alguém cujo contexto colocará a família em situação de potencial pobreza", disse.

O presidente da ACEGE garante que os lideres que pertencem a esta associação têm como princípio empenhar-se sempre "em não colocar nenhuma família no desemprego" e em "tomar decisões com base em valores sociais e nunca estritamente económicos".

Um inquérito realizado a pedido da associação a jovens licenciados entre os 20 e os 40 anos revelou uma falta de esperança dos jovens portugueses e uma crise de valores no mundo profissional.

Segundo João Pedro Tavares, este inquérito indicou, por exemplo, que mais de metade dos 400 jovens inquiridos foram confrontados profissionalmente com algum dilema ético, principalmente relativamente à atuação de um colega/chefe.

"Como agir perante um dilema ético? Este é um dos temas debatidos, dando uma maior consciência das várias formas de atuação perante este dilemas", disse.

A conciliação de vida pessoal e profissional é outra questão em debate, tendo o inquérito revelado que 30% dos jovens inquiridos não acreditam vir a ter o número de filhos que gostaria, quer por razões económicas ou por pressão/competição no trabalho.

No encontro, frisou o presidente da ACEGE, os jovens vão assim "ser confrontados com testemunhos de vida que abordarão todas estas questões e desafios, mostrando a coragem de fazer diferente".

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