Em comunicado hoje enviado à agência Lusa, a embaixada da Guiné Equatorial em Lisboa e junto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a que o país pertence desde 2014, relata que Teodoro Obiang Nguema "foi reeleito com total transparência para um novo mandato de sete anos, que termina em 2023".

As eleições decorreram a 24 de abril e, segundo os resultados publicados no dia 28, Obiang obteve 93,7% dos votos (278.362 votos).

O ato eleitoral foi monitorizado por 40 observadores da União Africana e de vários países, liderados pelo anterior Presidente da República do Benin, Boni Yayi, e também por Abdoulaye Bathily, enviado especial para a África Central do secretário-geral da Nações Unidas, Ban Ki-moon, segundo a nota do embaixador Tito Mba Ada.

Outros organismos que realizaram missões de observação foram a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a Comunidade Económica dos Estados da África Central, O Instituto Pan-Africano para a Assistência Eleitoral, o Instituto de Estratégia e Democracia dos Estados Unidos, além de missões diplomáticas acreditadas na Guiné Equatorial e membros da sociedade civil nacional e internacional, acrescenta o comunicado.

"Estas organizações emitiram comentários positivos sobre as eleições, declarando que estas eram livres e transparentes. O ex-Presidente Boni Yayi felicitou publicamente o povo da Guiné Equatorial pela sua cidadania e participação nas eleições", sublinha a nota da embaixada.

A CPLP realizou uma missão de acompanhamento das eleições entre os dias 22 e 26 de abril, que considerou que as eleições presidenciais decorreram "de forma ordeira e pacífica", tendo registado uma predominância de elementos do Partido Democrático da Guiné Equatorial (PDGE), no poder.

De acordo com o embaixador equato-guineense, durante a campanha eleitoral, Obiang -- há 37 anos no poder -- "apresentou-se como o candidato de todos os equato-guineenses, assegurou a continuidade do ambicioso programa 'Horizonte 2020', o desenvolvimento humano, a manutenção da paz e estabilidade na República da Guiné Equatorial".

Segundo os números oficiais anunciados pelas autoridades da Guiné Equatorial, as eleições tiveram uma participação de 97% - um total de 309.158 eleitores foram às urnas, registando-se 7.066 votos nulos e 4.857 votos em branco.

Teodoro Obiang Nguema concorreu pelo PDGE, apoiado pela Convenção Liberal Democrática (CLD), a Convergência Social-democrata e Popular (PCSD), a Aliança Democrática Progressista (ADP), a União Popular (UP), a União Democrática Nacional (Udena), o Partido Liberal (PL), o Partido Social Democrata (PSD), o Partido Socialista da Guiné Equatorial (PSGE) e a União Social Democrata (SDU).

Os restantes candidatos obtiveram os seguintes resultados eleitorais: Avelino Mocache Benga, da União de Centro-Direita, 1,5% dos votos; Buenaventura Monsuy Asumu, do Partido da Coligação Social-Democrata, 1,5%; Benedicto Obiang Mangue (independente), 0,9%; Carmelo Mba Bakale, da Ação Popular da Guiné Equatorial, 0,8%; Agustín Masoko Abegue (independente), 0,8% e Tomas Mba Monabang (independente), 0,7%.

O partido da oposição Convergência para a Democracia Social (CPDS) não concorreu às eleições, refere a nota da embaixada.

A Frente da Oposição Democrática (FOD), coligação que reúne os principais partidos da oposição na Guiné Equatorial, apelou para o boicote das presidenciais, considerando estarem reunidas todas as condições para "fraudes". O FOD agrupa o principal partido da oposição, a Convergência para a Democracia Social (CPDS), a União Popular (UP), a Força Democrática Republicana (FDR) e o Movimento pela Autodeterminação da ilha de Bioko.

Por outro lado, a candidatura de Gabriel Nsé Obiang Obono, do partido Cidadãos para a Inovação (oposição), foi indeferida pelo Conselho Nacional Eleitoral da Guiné Equatorial, "uma vez que o candidato não tinha residência fixa no país nos últimos cinco anos".

Estas eleições decorreram depois da revisão constitucional de 2011, que limitou o mandato presidencial a um máximo de dois períodos de sete anos.

Decano em termos de longevidade no poder dos chefes de Estado africanos, Obiang Nguema, 73 anos, lidera um regime que é regularmente criticado por organizações de defesa dos direitos humanos devido à repressão dos opositores, da sociedade civil e dos meios de comunicação social, assim como pela extensão da corrupção.

Recentemente, o Governo português pediu "passos claros e evidentes do ponto de vista da democratização política e, nesse plano, a forma como irá decorrer a campanha, a eleição e o apuramento de resultados na eleição presidencial é determinante".

Questionado pela Lusa sobre a forma como o executivo viu o processo eleitoral neste país, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, disse que a nota da missão da CPLP é "muito equilibrada e muito precisa".

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