"A nossa concertação e irmandade ibérica servem-nos bem para avançarmos os nossos respetivos interesses no seio da União e apoiarmo-nos solidariamente em momentos de dificuldade", declarou Filipe VI.

Discursando na Assembleia da República, o Chefe de Estado espanhol afirmou que "quanto melhor vá a Europa melhor irão Portugal e Espanha" e "quanto melhor sigam Espanha e Portugal, melhor caminhará a Europa".

Filipe VI afirmou que, "como em poucos momentos da história, os assuntos que se debatem nos parlamentos de Portugal e de Espanha versam sobre questões análogas".

O rei de Espanha sublinhou depois aquelas questões que constituem "fortalezas partilhadas" por Portugal e Espanha nos seus lugares no mundo, a começar pela participação na construção europeia dos dois países, que em 2016 celebram o 30.º aniversário da adesão conjunta à então CEE.

O monarca destacou que "Portugal e Espanha mantêm contactos permanentes para defender posições e interesses frequentemente coincidentes a respeito do cumprimento de numerosas políticas comunitárias".

"Para ambos os países a adesão ao projeto de integração europeia pôs em marcha um dos motores que mais impulsionaram o nosso progresso económico e desenvolvimento social", defendeu.

"E com a nossa integração na Europa, ambas as nações contribuíram para que os nossos parceiros comunitários valorizem a transcendência de estreitar também os vínculos com a Ibero-América, com os países africanos de língua portuguesa e com alguns do extremo oriente, mas próximos da história peninsular", acrescentou.

Filipe VI prosseguiu para o que considera ser outra das "fortalezas mútuas", a "dimensão atlântica" que une os dois países na NATO, e também a pertença às Nações Unidas e à fidelidade à sua Carta.

Neste passo do discurso, o rei de Espanha voltou a saudar a eleição de António Guterres como secretário-geral da ONU, com o "ativo e entusiasta apoio de Espanha a partir do Conselho de Segurança".

O monarca espanhol destacou ainda a instituição em 1991 da Conferência Ibero-americana: "Portugueses e espanhóis sabem que quanto mais próspera seja a Ibero-América, mais próspera será a nossa comum terra ibérica. Mas também desejamos, com a nossa prosperidade - e com a europeia -, contribuir igualmente para a das nações irmãs da Ibero-América".

Filipe VI iniciou o seu discurso falando em português, expressando "profundo respeito pelo privilégio" que lhe foi concedido, e referindo-se às suas raízes familiares e à ligação que tem a Portugal, onde viveram.

Do seu avô, o conde de Barcelona, Filipe VI, disse ter herdado "a gratidão invariável à hospitalidade do povo português e a admiração pela tradição marítima portuguesa e pelos seus grandes navegadores".

"Do meu pai, o rei Juan Carlos, advém o meu amor pela língua portuguesa e o interesse fraterno pela sorte de Portugal. Lembro-me bem da alegria que ambos me transmitiram ao ver como Espanha e Portugal compassavam a sua nova vida democrática, o seu projeto europeu e a sua vocação ibero-americana, sentimento que continuo a partilhar com enorme convicção", declarou.

No final da intervenção, voltou a um registo mais pessoal e emocional: "Hoje, perante vós, perante o povo português, quero que saibam que, como espanhol, como rei de Espanha, o meu coração está com Portugal".

ACL // SMA

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