"A APU-PDGB responsabiliza o senhor Presidente da República pelas futuras consequências que poderão advir dessas decisões e violações unilaterais e sistemáticas, sem respeito com os compromissos políticos assumidos, quando da formação do atual Governo, cujo objetivo principal seria garantir a estabilidade sociopolítica do país", salienta o partido do primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam, num comunicado hoje divulgado.

"Informa-se a opinião pública nacional e internacional e os partidos políticos parceiros da coligação que a iniciativa de remodelação governamental não partiu de sua excelência engenheiro Nuno Gomes Nabiam, primeiro-ministro", pode ler-se no comunicado de cinco pontos da APU-PDGB.

No comunicado, o partido refere que foi "apanhado de surpresa pelo decreto presidencial de mais uma remodelação governamental" e que "não abdica das suas conquistas democráticas no âmbito do atual Governo de coligação".

A APU-PDGB faz parte, juntamente com o Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15) e o Partido de Renovação Social, da atual coligação no Governo da Guiné-Bissau, que assumiu a liderança do país após o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, ter demitido o Governo liderado pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que venceu as legislativas de 2019.

A APU-PDGB alerta também que a "política de traição, paga-se caro" e tem sido "fator das principais desavenças e consequentes instabilidades governativas que assolam o país".

O partido de Nuno Gomes Nabiam exorta também o chefe de Estado a "reconsiderar a sua decisão de remodelar a configuração orgânica do Governo".

O chefe de Estado da Guiné-Bissau divulgou quarta-feira uma série de decretos presidenciais a anunciar uma remodelação governamental, após ter ouvido o Governo.

A nova orgânica passou a contar com 22 ministério e oito secretarias de Estado, segundo os decretos enviados à imprensa.

Numa informação de agenda à imprensa, a Presidência anunciou que hoje Umaro Sissoco Embaló participaria no Conselho de Ministros e que daria mais tarde posse aos novos membros do Governo.

Mais tarde uma nova informação deu conta que o Presidente já não participaria no Conselho de Ministros, que foi adiado, e que a tomada de posse prevista para hoje adiada para sexta-feira.

No final do ano, as relações entre Nuno Gomes Nabiam e Umaro Sissoco Embaló estiveram especialmente tensas, principalmente, quando o primeiro-ministro denunciou, no parlamento, que o Presidente tinha assinado, em outubro de 2020, um acordo de petróleo com o Senegal, sem o seu conhecimento.

O parlamento guineense acabou para anular, através de uma resolução, o acordo assinado com o Senegal, considerando que é inconstitucional porque o chefe de Estado não tem poder para assinar acordos, mas, apenas, de os ratificar.

A semana passada, o primeiro-ministro guineense afirmou aos jornalistas que o seu relacionamento com o chefe de Estado estava "bom" e que os desentendimentos tinham sido ultrapassados.

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