De acordo com uma informação enviada aos acionistas, a que a Lusa teve hoje acesso, o pagamento desses dividendos aos acionistas da Enacol -- Empresa Nacional de Combustíveis será feita no dia 23 de abril de 2022, sendo "relativos ao exercício económico de 2021".

O capital social da Enacol, segundo a última informação oficial disponível, correspondia a 1.000 milhões de escudos (nove milhões de euros) em 31 de dezembro de 2020, representado por um milhão de ações, pelo que serão pagos aos acionistas 354 milhões de escudos (3,2 milhões de euros) em dividendos este mês.

Segundo informação da petrolífera, a Enacol fechou 2020 com 960 acionistas, incluindo os 12,72% do capital social disperso por pequenos acionistas.

A Enacol é liderada pela Galp, com uma posição de 48,29%, contando na estrutura acionista também com a sucursal cabo-verdiana da angolana Sonangol (38,99%), ambas na empresa cabo-verdiana desde 1996.

A Enacol anunciou em março de 2020 a distribuição de dividendos de 1.102 milhões de escudos (quase dez milhões de euros) aos acionistas, no valor de 1.102,65 escudos (9,95 euros) por cada ação, referente ao exercício de 2019.

Em 2020, a distribuidora petrolífera cabo-verdiana registou prejuízos de quase 2,2 milhões de euros, devido aos efeitos da pandemia de covid-19, e não distribuiu dividendos, segundo o relatório e contas divulgado anteriormente pela Lusa.

"Economicamente, por sermos particularmente atingidos por esta pandemia, este foi um ano [2020] que ficará registado na história da Enacol por uma redução da nossa atividade, que não foi imune à acentuada contração económica global, conduzida por uma queda generalizada de vendas que se fez sentir especialmente nos segmentos da aviação e das bancas marítimas", lê-se na mensagem do conselho de administração no relatório e contas.

De acordo com o documento, a Enacol registou um resultado líquido negativo do exercício de 2020 superior a 242,6 milhões de escudos (2,19 milhões de euros), uma variação negativa de 128% face aos lucros de 855,4 milhões de escudos (7,7 milhões de euros) em 2019.

Este desempenho foi influenciado pelo volume de negócios, que caiu 49% face a 2019, para 9.198 milhões de escudos (83 milhões de euros), enquanto o ativo caiu 29%, para 5.123 milhões de escudos (46,2 milhões de euros) e o passivo desceu 32%, para 1.534 milhões de escudos (13,8 milhões de euros).

A Enacol fechou 2020 com 211 trabalhadores e o segmento de negócio mais afetado pela crise foi o fornecimento de combustível à aviação, que caiu 61%, face à suspensão total de voos comerciais por cabo Verde, a partir de março do ano passado.

O relatório e contas do exercício de 2021 ainda não foi divulgado pela petrolífera cabo-verdiana.

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