Em comunicado, a ARME refere que a atualização dos preços máximos dos combustíveis em Cabo Verde -- que é feita todos os meses -- volta a levar em conta, tal como em abril e maio, a suspensão temporária do mecanismo de fixação de preços dos combustíveis, decidida pelo Governo face à crise económica provocada pela guerra na Ucrânia.

De acordo com a nova tabela de preços máximos, que vai vigorar até 30 de junho, o litro de gasóleo normal passou a ser vendido em Cabo Verde a 153,40 escudos (1,38 euros), o de gasolina a 190,70 escudos (1,73 euros), o de petróleo a 134,80 escudos (1,22 euros), e o de gasóleo marinha a 115,70 escudos (um euro), todos com um aumento de 5% a partir de hoje.

O gasóleo para eletricidade aumentou 2,3%, para 117,60 escudos (1,06 euros) por litro, permanecendo inalterado o de gás butano, que continua a ser vendido entre os 505 escudos e os 9.739 escudos (4,6 a 88 euros), para as garrafas de três a 55 quilogramas, tal como aconteceu no mês de abril e de maio, por intervenção do Governo.

"Se compararmos ao período homólogo (junho de 2021), constatamos que a variação média de preços dos combustíveis corresponde a um aumento de 54,4% e, relativamente, à variação média ao longo do ano em curso, ela traduz-se num acréscimo de 10%", reconhece ainda a ARME.

Para conter a escalada de preços nos combustíveis, o Governo cabo-verdiano fixou em abril um teto máximo de 5% para o aumento da gasolina e do gasóleo, e no mês seguinte de cerca de 9%, em ambos.

"O Governo de Cabo Verde declara a suspensão temporária, durante três meses, de abril a junho, da aplicação de mecanismos de fixação de preços dos combustíveis", anunciou no final de março o ministro da Energia, Alexandre Monteiro, medida aprovada para vigorar pelo menos até 30 de junho.

Destacando a "conjuntura turbulenta" que se vive, o ministro avançou que a manutenção de preços dos combustíveis por intervenção do Estado representa um "impacto global" estimado em 400 milhões de escudos (3,6 milhões de euros), o que "exige esforços avultados".

O arquipélago enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística - setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago - desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19.

Em 2020, registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, seguindo-se um crescimento de 7% em 2021 impulsionado pela retoma da procura turística. Para 2022, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia, nomeadamente a escalada de preços, o Governo cabo-verdiano baixou a previsão de crescimento de 6% para 4%.

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