"Alguns desses países são fantásticos, mas (...) não têm nada a ensinar a ninguém porque são parte da história que provocou a morte de mais de um milhão dos nossos concidadãos. Eles são a causa", disse Kagame numa cerimónia evocativa do 28.º aniversário do início do genocídio.

O Presidente ruandês fez, assim, uma crítica velada às políticas divisionistas das administrações coloniais alemã e belga, que deram origem ao discurso de ódio que, ao longo do tempo, também motivou o genocídio de 1994.

Segundo Kagame, os países ocidentais acusam o Ruanda de limitar a liberdade de expressão mas negam-lhe espaço na imprensa para se defender das críticas de grupos de direitos humanos, que acusam o seu governo de reduzir a atividade política e de perseguir quem se lhe opõe.

As críticas do Presidente ruandês foram feitas no discurso que proferiu no Memorial do Genocídio de Kigali, onde estão enterradas mais de 250.000 das vítimas mortais dos massacres de 1994 e entre a assistência estavam muitos diplomatas estrangeiros.

"Perdoamos-lhes. Alguns ainda vivem nas suas casas. Outros estão no governo ou têm empresas", acrescentou.

Desde o final do século XIX, os governos coloniais alemão e, posteriormente, belga separaram a população em dois grupos fechados: os tutsis, que representavam 14% da população, e a maioria hutu.

As tensões entre esses dois grupos, que dependendo de cada momento de sua história tiveram mais ou menos privilégios graças à marginalização ou exploração do outro, deram origem a uma guerra civil entre o governo pró-hutu e os rebeldes da Frente Patriótica do Ruanda, liderada por Kagame.

Na noite de 06 de abril de 1994, o abate do avião em que viajavam os então presidentes do Ruanda, Juvenal Habyarimana, e do Burundi, Cyprien Ntaryamira, ambos hutus, causou a morte de ambos e desencadeou o genocídio contra os tutsis.

Pelo menos 800.000 pessoas morreram em cerca de cem dias no que é considerado um dos piores genocídios da história humana recente da Humanidade.

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