"Estamos a contar com uma adesão em massa porque os professores é que estão cansados e pediram esta greve, para reclamar desta inércia. São só palavras e discursos", afirmou à Lusa o sindicalista Jorge Cardoso, antecipando o protesto de hoje.

Em causa, explicou, estão várias situações de alegado incumprimento, nomeadamente reclassificações de 2016 a 2021, subsídios pela não redução da carga horária de 2017 a 2022, ou falta de publicação de aposentações, mas também o congelamento de salários desde 2016.

O ministro da Educação de Cabo Verde, Amadeu Cruz, afirmou em 09 de fevereiro, no parlamento, que o atual Governo aplicou medidas de correção de distorções das carreiras a cerca de 7.700 professores, pendências atrasadas desde 2008, apesar dos protestos dos sindicatos.

"As pendências acumuladas de 2008 a 2016 foram pendências que foram resolvidas pelo Governo de Cabo Verde de 2016 a esta parte", disse o ministro.

O compromisso do Governo com os representantes sindicais dos professores, recordou o ministro, prevê resolver as pendências até 2023: "Não me escudo na questão da covid-19, mas temos de ter a noção clara que de 2020 a esta parte, não é só Cabo Verde, é o mundo inteiro, tivemos de fazer face às consequências da covid-19 e tivemos que alocar verbas para atender as emergências no domínio da saúde e no domínio da proteção social".

Os professores cabo-verdianos realizaram em 01 de fevereiro último, em todo o país, uma manifestação pública para exigir do Governo mais respeito, dignidade, reajuste salarial e descongelamento das carreiras, bem como o cumprimento dos compromissos assumidos.

"Temos que mobilizar 400 mil contos [400 milhões de escudos, 3,6 milhões de euros] nos próximos dois anos para resolver as pendências (...) Até 2023 esperamos resolver todas as pendências", afirmou Amadeu Cruz, reconhecendo que os professores têm motivos "para reivindicar".

O Sindep conta com cerca de 4.000 professores afiliados e segundo Jorge Cardoso o protesto de hoje, que inclui uma manifestação marcada para depois das 09:00 locais [10:00 em Lisboa] em frente ao Palácio do Governo, na cidade da Praia, representa uma "luta da classe pela resolução definitiva destes problemas".

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