O teto é o valor máximo das tarifas que os fornecedores podem cobrar, e a subida acentuada era esperada devido ao aumento dos preços do gás nos mercados internacionais em Inglaterra, Escócia e País de Gales. A Irlanda do Norte tem um mercado de energia diferente.

A regulação dos preços máximos para as tarifas da energia é feita pelo Ofgem todos os seis meses, mas as contas finais dependem do consumo individual de cada casa.

Segundo o organismo, a despesa média vai passar de 1.277 libras (1.535 euros) para 1.971 libras (2.300 euros).

Para ajudar a mitigar o impacto, o ministro das Finanças, Rishi Sunak, apresentou medidas no Parlamento, incluindo descontos nas contas que serão pagos mais tarde e reduções nas taxas autárquicas.

O teto foi criado em 2018 para obrigar os fornecedores a oferecer preços mais justos e evitar lucros excessivos.

Porém, deste a última atualização, em agosto, muitas empresas foram obrigadas a cobrar pela eletricidade e gás um valor inferior ao preço de custo, o que resultou na insolvência de 29 fornecedores.

Os preços do gás nos mercados internacionais quadruplicaram nos últimos 12 meses, resultado da falta de reservas devido ao consumo elevado durante o inverno frio no ano passado, da falta de vento que reduziu a produção de eletricidade por energia eólica e do aumento da procura na Ásia, em especial China, em recuperação económica pós-pandemia.

O problema está a afetar a Europa em geral, mas em particular o Reino Unido, que é um grande utilizador de gás natural para o aquecimento das casas.

"O Ofgem está a trabalhar para estabilizar o mercado e, a longo prazo, diversificar as nossas fontes de energia, o que ajudará a proteger os clientes de choques de preços semelhantes no futuro", prometeu hoje o presidente executivo, Jonathan Brearley.

Os preços da energia são também um dos fatores para o aumento da inflação, que subiu para 5,4% em janeiro, o nível mais elevado em quase 30 anos, pois a subida nos preços também reflete as despesas acrescidas das empresas.

Porém, hoje também se espera que o Banco de Inglaterra aumente as taxas de juro para tentar travar a inflação.

O agravamento da conjuntura económica do país e a espiral do custo de vida domina hoje as primeiras páginas da imprensa britânica.

A manchete do tabloide Daily Mirror é "Dia D para a agonia dos preços" da energia, enquanto o The Sun batiza esta como "Quinta-feira Negra", numa referência à crise financeira de 1929.

O Daily Mail diz que "a pressão está sobre Rishi" Sunak, o ministro das Finanças, para encontrar soluções que aliviem as dificuldades das famílias com rendimentos mais baixos, numa altura em que está previsto um aumento dos impostos da segurança social em abril.

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Lusa/fim