No último dia 22, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, denunciou a existência de proprietários de postos de venda de combustível na província de Sofala que usam o negócio para lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo na província de Cabo Delgado, no norte.

"Há proliferação de bombas de combustíveis na vossa província, não estou a proibir. Mas que usem métodos legais [...]. Nós temos informações de pessoas que usam estes meios para subsidiar o terrorismo", declarou o chefe de Estado moçambicano.

Na sequência dessas acusações, a secretária de Estado da província de Sofala, Stela Pinto, disse hoje à comunicação social que alguns empresários estrangeiros do setor deixaram Moçambique por razões desconhecidas.

"Há indicações de que alguns fugiram", declarou Pinto.

Aquela dirigente avançou que as autoridades estão a investigar as razões que levaram os referidos empresários a deixar o país.

A secretária de Estado na província de Sofala alertou para o risco de generalização de suspeitas de patrocínio ao extremismo violento, observando que as acusações do Presidente da República visaram alguns donos de postos de venda de combustível e não todos os operadores do ramo.

"Há a tendência de generalizar", porque surgem postos de venda de combustível com "tanta facilidade" e a "fazer lucros".

A maioria dos empresários, prosseguiu, são parceiros de desenvolvimento social e económico de Moçambique e não podem ser vítimas de suspeição infundada.

O tema de financiamento ao terrorismo em Moçambique ganha relevo no país, devido à atuação de grupos armados associados ao extremismo que protagonizam ataques na província de Cabo Delgado, norte do país.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

Há cerca de 800 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

Estima-se que metade da população afetada sejam crianças e jovens até aos 20 anos, reflexo da pirâmide etária do país.

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