Eu, que tenho testículos do tamanho de castores gordos, só faço piadas com a igreja católica porque a maior ameaça são os guardas do Vaticano. Ou julgam que eu sou parvo? Faço humor com a Igreja católica porque basta largar um rato na sala e o braço armado do Vaticano agarra nas saia e sobe para cima de uma mesa. Aquelas lanças que eles usam é só para tentar evitar o assédio de bispos. Imaginem uns tipos fardados daquela maneira, que parece uma barraca de gelados, a correrem por um campo ao ataque. Tenho a certeza que eles próprios, a meio, vão ter noção do ridículo. Fingem que era uma cerimónia de boas vindas e depois fogem. São suíços, detestam batatada.

Agora, os indivíduos do Daesh não brincam. São determinados. Têm a determinação que qualquer homem de barbas teria, inclusive os guardas do Vaticano, se lhe prometessem setenta e duas virgens. Setenta e duas virgens é mesmo aquele número com que uma pessoa sonha. É um bocado como quando vamos à mercearia comprar cervejas para uma festa que vamos ter com os nosso amigos. “Setenta virgens deve chegar. Epá, não, leva mais duas porque pode nos apetecer de manhã”. Por outro lado, em termos estatísticos 72 virgens para a toda a eternidade acaba por ser menos que curtir com três numa viagem de finalistas. E elas não são virgens para toda a eternidade a não ser que qualquer coisa esteja a falhar.

Ainda antes do leitor me acompanhar numa teoria que já vou desenvolver, e me insultar na caixa de comentários, ainda que ela esteja lá para isso, permita o estimado que me lê que me justifique. Pode parecer caricato, e é, e exatamente por isso apresento uma ideia que talvez possa ajudar a resolver parte dos nossos problemas. Isto, no fundo, é um bocado como os jogadores de futebol. É uma questão de oferta. Se para assinar com o Daesh lhe prometem o paraíso e setenta e duas virgens, nós oferecemos setenta e três virgens, fruta para toda a vida e um terreno com palmeiras no Algarve, e um carro alugado.

Já fiz as contas estamos a falar de cerca de dois, três milhões de virgens e umas centenas largas de hectares, mais adubo para palmeiras, etc. Sim, é caro. Mas sai mais barato que uma torre gémea ou um atentado em Paris. É a maneira de gastar menos massa e poupar mais vidas. Pensem, nisso. Ainda por cima elas estão de burka, resultava. Dava para meter umas muito más pelo meio e até algumas em madeira . E o Algarve tem imenso que fazer aposto que ainda ficavam 40 virgens por encetar.

Acho que era o remédio santo. Porque o principal problema disto tudo é que o que estão a oferecer no paraíso é altamente atrativo — como indica o nome. Portanto, ou se oferece mais em terra, ou se diminui as expectativas do paraíso. Para diminuir a oferta no Paraíso era preciso que, por exemplo, um líder dos muçulmanos se chegasse à frente e dissesse: "Afinal lemos mal. Havia uma nódoa de queijo e, na realidade, não são setenta e duas virgens. É uma senhora que era virgem em mil novecentos e setenta e dois. Num grupo pop que eram os Broa de Mel”.

É a minha conclusão. Há que diminuir a oferta. Todos sabemos o que custa um "afinal não vão em primeira", mesmo indo para o Bali.

Sugestões do autor:

Um concerto – um que ou assistiram ou podem chorar porque foi no sábado passado: Metronomy no Festival NOS Primavera Sound

Uma exposição – sou uma besta. Nunca tinha ido a Serralves. Sim, sou uma besta. Até um anjo me levar. Recomendo uma visita sempre que precisarem de um sítio para visitar. Vão a Serralves sempre.

Um disco – uma bela surpresa com o mestre Sufjan Stevens a “comandar” outros músicos com história (Bryce Dessner, Nico Muhly, James McAlister) – Planetarium. Um disco fabuloso.