A associação ambientalista ZERO, de defesa do clima e da saúde da população lisboeta, reivindica o fecho do aeroporto da Portela com urgência. Porquê? Cerca de 400 mil pessoas são agredidas, devido à poluição sonora. Os danos são diversos e, se contabilizados financeiramente, assustam qualquer mortal. É ler a notícia aqui no Sapo24.

Raramente consideramos as condições acústicas, a qualidade do som e a influência que tem em nós. Sendo o maior condutor emocional, o som nunca é considerado, ou raramente o é, em situações que claramente beneficiariam as pessoas. Um exemplo são os restaurantes. Quantas vezes já saiu com uma dor de cabeça, por o som se ter tornado insuportável? Outra são os espaços com pé-direito de grande dimensão. Quanto às salas de aula, não estão preparadas acusticamente para mais de dez alunos, muito menos para uma turma com 20 alunos ou mais. Poucos de nós se interrogarão acerca dos danos causados pela má qualidade sonora dos telemóveis. Raros são os que de nós ainda conseguem distinguir um som limpo e de qualidade ao ouvir música, por estarmos habituados a escutá-la no computador e no telemóvel. Os exemplos são múltiplos, basta estarmos atentos. Os nossos ouvidos são um sentido, mantêm-nos alerta, dão-nos a dimensão do mundo. E o som é também o reflexo mais verosímil: se virmos a imagem de um urso não nos assustamos, mas, se formos surpreendidos com o som do animal, garanto que acreditaremos estar a ser atacados. Este é o princípio básico da construção das bandas sonoras, de filmes de terror e suspense: experimentem lá ver o Pássaros de Alfred Hitchcock a ouvir os ABBA, a ver se saltam da cadeira. Não saltam.

A agressão sonora perturba-nos mais do que pensamos. Afecta a nossa capacidade cognitiva, promove cansaço, é a melhor amiga das dores de cabeça, e do stress, e pode afetar a condição cardiovascular. A poluição sonora causada pelos aviões a passar, sobre uma cidade, é uma realidade preocupante. Não será “a” razão para fechar o aeroporto de Lisboa, mas é decerto uma das razões.