Celebrou-se isto mesmo há alguns dias. O dia 20 de fevereiro foi o dia mundial da justiça social. Passou quase sem darmos por ele. No entanto importa lembrarmos sem demora e com urgência o calendário eleitoral nacional e internacional que vamos viver este ano de 2019 e recordar a urgência contemporânea dos direitos civis e políticos, hoje postos em causa em vários países do mundo. Hoje, como na Europa entre guerras mundiais da primeira metade do século XX, líderes políticos estão a ser eleitos com recurso à mentira mediática, à manipulação de factos, a uma visão assente no medo do outro, na demonização do estrangeiro, no fechamento de fronteiras.

É uma resposta de contraciclo a um tempo de comércio sem regras, de negócios internacionais sem ética nem transparência, de exploração de recursos naturais sem sustentabilidade. Depois de um tempo de abertura, que foi feito sem regras e a explorar os mais frágeis, a globalização com tantas coisas boas que nos deu, não conseguiu garantir a justiça social para todos e, à custa de mão-de-obra escrava a oriente, provocou-se desemprego a ocidente. A macroeconomia é um fenómeno bastante mais complexo e que não se reduz a esta ideia de problema. Muito se podia dizer mais, passando pela crise na agricultura que nos chegou a par com tantas coisas boas que a Europa nos deu, passando pelo mais recente boom turístico que tantas coisas boas nos dá, mas tantas dificuldades na habitação nos veio trazer também. A habitação, um dos direitos fundamentais de todos os seres humanos: um teto digno onde viver.

Pensar justiça social é pensar também naquilo que são os direitos humanos de segunda geração. Os direitos económicos, sociais e culturais.

Um programa político de direitos humanos tem uma vantagem: cabe em todos os partidos, tanto à esquerda como à direita, como em qualquer ideologia que não seja de extremos. É tarefa de todas as pessoas. Pensarmos a justiça social tem que ver com pensarmos oportunidades para todas as pessoas de lutarem pela sua felicidade e bem-estar, mas também de pensarmos a felicidade das outras pessoas, da nossa comunidade e do nosso país.

Um mundo onde se aposte na educação da diversidade como forma de capacitação das pessoas. Um mundo que aposte no acesso à saúde como bem essencial, um mundo que aposte numa segurança social que ajude quem necessita sempre que acontece algum imprevisto e nos ajude a ficarmos de pé em busca de novas oportunidades de trabalho e contributo para a sociedade.

São estes os pilares da justiça social. O acesso a estas três frentes que trarão outras por acréscimo, como a alimentação, a habitação, a cultura, o bem-estar social.

Este ano cheio de eleições, fica o apelo a todos os partidos políticos que vão a votos que façam desta opção o seu programa. Apelo extensivo a todos os eleitores para que façam as suas escolhas eleitorais com base na justiça social para todas as pessoas.

Em vez de políticos que nos falem mal de grupos vulneráveis, em vez de discursos de ódio para propagandear muros e discriminação, que se pegue neste programa, neste ideário de soluções e se invista sustentadamente numa sociedade que sem controlar ninguém, promove um lugar a todos, pleno de justiça, igualdade, fraternidade e iniciativa, onde a cada um com a sua responsabilidade e a cada qual com as suas necessidades.

Vamos pelo bem. Chega de mal. É isso a justiça social.