Hoje acordei cedo, assustado, com o telefone que não parava de tocar. Mensagens de texto e de audio e algumas chamadas perdidas. Demorei alguns minutos para raciocinar o que estava acontecendo, mas a verdade é que a notícia do trágico acidente com o avião que transportava a delegação da Chapecoense para Medellín, na Colômbia, demorou para ser assimilada e caiu como uma bomba nesta terça, 29.

No voo estavam 81 pessoas, incluindo 72 passageiros e nove tripulantes. No total, eram 48 membros da Chapecoense, incluindo 22 jogadores, 21 jornalistas e três convidados, além da tripulação. Até agora 76 mortes confirmadas. Números de uma tragédia imensurável.

O destino era o primeiro jogo da grande final da Taça Sul-Americana e parte da imprensa brasileira, que faria a cobertura da partida, viajou, como de costume, com a delegação da Chapecoense. E infelizmente, logo após as primeiras horas após o acidente, notícias por diversos meios de comunicação divulgavam que 20 dos 21 colegas de profissão perderam suas vidas - praticamente uma equipa inteira de comunicadores.

Grandes nomes do jornalismo desportivo brasileiro de diversas emissoras importantes, como Globo, RBS, FOX Esportes, Jornal "Diário Catarinense", rádio Oeste Capital, rádio Chapecó, Super Condá, RIC TV.

Repórteres, cinegrafistas, técnicos de operações, narradores, comentadores e produtores extremamente competentes perderam suas vidas. Para mim, mais do que colegas de profissão, alguns amigos, alguns ídolos. Referências da comunicação social se foram de repente, uma sensação de impotência e vazio.

Para mim, jornalista e correspondente internacional, é inevitável a atitude e o pensamento de me colocar no lugar deles, ou pensar na dor de suas famílias, que poderia ser a dor da minha família neste momento. Afinal, as viagens de avião para coberturas como esta fazem parte do nosso dia a dia.

Nesta terça-feira, o mundo do futebol está de luto e a comunicação social do Brasil está em choque. Mas a principal homenagem que podemos prestar neste momento é nossa admiração e reconhecimento pelo trabalho dos nossos colegas.

A Chapecoense iria fazer uma final inédita para sua história e chegar lá não foi fácil para o clube. Nas meias de final, os momentos mais marcantes foram o final do segundo jogo contra o San Lorenzo, da Argentina, no empate por 0-0 que garantiu a vaga para a Chape. E essa emoção toda ganhou vida na voz de uma das vítimas desta triste tragédia. Devair Paschoalon, o Deva Pascovicci, da Fox Esportes fez uma das suas mais brilhantes narrações em uma defesa do guarda-redes Danilo, que garantiu a vaga.

Abaixo o vídeo que me faz ficar com lágrimas nos olhos. Com uma força única, Deva cumpriu seu papel de comunicar, de transmitir sentimento no mundo emocionante do futebol. Essa é a lembrança que ficarei dos colegas que nesta terça-feira nos deixaram, de que todos eles certamente eram apaixonados pelo o que faziam.

Arthur Quezada é jornalista dos Canais Esportivo Interativo.