Agora, a "vitória" começa a ser distribuída por toda a gente: os que defendiam a saída da União continuam satisfeitos com o resultado do referendo, mas perderam a pressa na saída; os que viam no abandono britânico o terramoto que iria matar a Europa unida começam a vislumbrar no triste resultado algumas oportunidades. Repensar a Europa. Refundar a Europa. Corrigir a Europa.

Para quem, como eu, chegou à maioridade quando o processo de adesão à (então) CEE começou - e atravessou os anos 80 e 90 assistindo ao milagre da multiplicação das auto-estradas, ao enriquecimento de meio-mundo, ao "desenvolvimento" traduzido em multibancos, vias verdes e centros comerciais, ao fim dos tormentos nas fronteiras e à chegada, impante, de uma nova moeda -, o momento que vivemos, qualquer que seja o desenlace, é igual ao sinal de trânsito que nos indica "estrada sem saída". É o fim desse aparente paraíso em que os mesmos países que, menos de 50 anos antes, se confrontavam impiedosamente numa guerra insana e esmagadora, estavam agora juntos e estáveis à procura de um crescimento sustentável e de um ambiente próspero para os seus cidadãos, em democracia e liberdade.

Foi esta ideia que alimentou a minha adesão ao projecto europeu. Como se, por fim, olhássemos uns para os outros e percebêssemos que pertencíamos a uma mesma raiz, mesmo que com crescimentos e ideias diferentes.

Afinal, não é bem assim. Ainda há quem ache que há seres humanos de primeira e de segunda, ainda há quem queira defender o seu território com medo de "invasões bárbaras", ainda há quem não tenha percebido que, num mundo globalizado, quanto mais nos fechamos, mais ameaçados estaremos (como ainda há dois dias se viu em Istambul)…

O resultado do referendo no Reino Unido foi mais decepcionante do que se tivesse ocorrido, com igual resultado, em qualquer outro terreno europeu - justamente porque o país reclama para si uma democracia com História, e uma certa arrogância política e cultural. Que não se traduz na resposta à pergunta mais básica de todas. A que define o futuro, independentemente das contingências do presente.

Uma semana quente…

Depois do referendo britânico, vieram as eleições espanholas - com menos respostas do que as desejadas, e mais surpresas do que as esperadas. Seguia-as por aqui, com dinamismo e muita informação, apesar da colagem obvia ao PP…

… Mas ainda sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, a mais resumida e clara soma de consequências encontrei-a, online, no Financial Times

Menos de dois minutos: um excelente video produzido pela revista The Economist sobre a felicidade na Europa. Em semana de ressaca do brexit, vale a pena…

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