A touca que se vê no laboratório de neurociências da Fundação Champalimaud, em Lisboa, poderá transforma-se numa bandolete ou num boné, mas vão manter-se os elétrodos e o objetivo: usar a atividade cerebral para dar ‘ordens’ a aparelhos.

O projeto chama-se Mindreach e integra a lista de vencedores da iniciativa governamental ‘Born from Knowledge’, que garante a participação de investigadores académicos na Web Summit, um dos maiores eventos internacionais de tecnologia e empreendedorismo.

Nuno Loureiro é o porta-voz da equipa de quatro pessoas que, através de experiências, tem notado que quer ratinhos, quer pessoas “conseguem modelar a atividade cerebral, ao mesmo que estão a ter um aumento de controlo de uma determinada tarefa”

Ou seja, a prática possibilita que as pessoas controlem uma pequena bola num jogo de computador, um drone ou um simulador de avião, como têm provado as experiências científicas feitas com a tal touca.

No futuro, com adereços mais práticos e estéticos, como a bandolete, uns auscultadores ou um boné, os usos podem ir desde o controlo de uma cadeira de rodas a uma aplicação em doenças como o défice de atenção.

“No dia-a-dia e para o público em geral temos em vista uma aplicação para jogos”, acrescenta Nuno Loureiro à agência Lusa.

Os investigadores acharam ter chegado a altura de divulgar o projeto e receber ‘feedback’ de especialistas em tecnologia e de outros ligados ao meio empresarial e, por isso, procuraram ‘passaportes’ para a Web Summit.

E o trabalho de casa para o evento de novembro, que juntará 50 mil pessoas em Lisboa, já está a ser feito, nomeadamente com recurso à aplicação que avançou com contactos recomendados, na sequência das referências e características dadas pelos investigadores.

“Essa aplicação torna as coisas um bocadinho mais fáceis”, ao poupar tempo na consulta das listas de participantes, admite o doutorando que elege dois objetivos para alcançar na Web Summit: “um feedback da parte da tecnologia e do mercado e uma parte mais de investimento, neste momento estamos à procura de parceiros que queiram colaborar”.

Daqui a um ano, os investigadores esperam “passar desta tecnologia laboratorial para uma coisa acessível ao público, através de um aparelho miniaturizado e sem necessidade de uso de gel” capaz de ser transportado para casa e usado, por exemplo, em jogos.

“Supostamente o aspeto final será o menos intrusivo possível e até o que se costuma dizer ‘fashion’ que podem passar por uns ‘headset’ (auscultadores) ou uma espécie de uma bandolete ou até pode ser um boné, com quatro ou cinco elétrodos para fazer a recolha dos sinais cerebrais”, explica ainda.

Nuno Loureiro acrescentou a necessidade de se juntar uma placa eletrónica que faça o processamento dos sinais e os envie para a aplicação.

Certa é a continuação do uso das ‘pequenas células cinzentas’, como diria um outro investigador, mas de crimes, o personagem de ficção Hercule Poirot.

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