A imagem de Gutoski foi escolhida entre mais de 42 mil enviadas de 96 países e vai estar no centro da exposição que abre hoje ao público no Museu de História Natural de Londres. Esta exposição comemora a extraordinária riqueza da vida no nosso planeta, com o objectivo de inspirar pessoas do mundo inteiro a valorizar e conservar o mundo natural. Depois de Londres, a exposição segue para outras cidades britânicas e internacionais; a agenda e os locais não estão ainda disponíveis no site oficial. Enquanto esperamos para saber se virá até Portugal, conheça a história das imagens vencedoras e veja, mais abaixo, a galeria dos vencedores.

Conto de duas raposas: uma fábula do aquecimento global

Cape Churchill, no Canadá, é uma região onde se encontram os territórios da raposa vermelha e da raposa do Ártico, mais ao norte. "Os guias de Churchill tinham ouvido dizer que de vez em quando as duas espécies lutavam, mas nenhuma das pessoas com quem falámos tinha alguma vez presenciado esse comportamento.", diz Don, o fotógrafo. "Primeiro vi a raposa vermelha, que estava a caçar e a interagir com uma presa, e quando me aproximei percebi que a presa era uma raposa do Ártico. Quando cheguei suficientemente perto para captar o acontecimento, a luta já tinha terminado e o vencedor estava a comer. Tirei uma série de fotografias, até a raposa vermelha se ter saciado e ter recolhido os restos para esconder até à próxima refeição."

Kathy Moran, editora da National Geographic e membro do júri do prémio, acrescenta: "Num impacto imediato, esta fotografia parece mostrar a raposa vermelha a despir o seu casaco de inverno. O que podia ser uma interacção simples entre predador e presa foi visto pelo júri como um exemplo flagrante das alterações climáticas, com as raposas vermelhas a entrar no território das raposas do Ártico. No fundo, a imagem funciona a vários níveis. É visualmente violenta, capta um comportamento e, no que toca à capacidade de contar uma história, é a fotografia mais poderosa que já vi."

Os combatentes do Ártico

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Ondrej Pelánek, de 14 anos, originário da República Checa, ganhou o prémio de Jovem Fotógrafo 2015 com a sua "Luta de combatentes". Os combatentes são aves limícolas conhecidas pelo seu comportamento agressivo quando estão a cortejar. A fotografia foi tirada na tundra de Varanger, Noruega. "Ao longe, para lá do círculo polar ártico, vimos combatentes a lutar", diz Ondrej. "Tirei esta fotografia à meia-noite, quando o meu pai estava a dormir. Estava demasiado excitado, portanto tinha ficado acordado." Kathy Moran acrescenta: "Esta é uma fotografia complexa, com várias camadas que criam um belo efeito, um olhar surpreendente e sofisticado que chamou rapidamente a atenção do júri. Há muitas fotografias boas de combatentes a prepararem-se para se exibir, mas poucas que captem o seu comportamento com tanta intensidade e graciosidade. O fotógrafo conseguiu apanhar um momento que regista uma acção poderosa, mas mostra-a como uma dança delicada. Há quem passe anos de carreira a tentar fazer uma imagem assim. O facto de ter vindo de um concorrente tão jovem é entusiasmante."

Estas duas imagens foram escolhidas entre os 18 vencedores de categorias individuais, que mostram aspectos excepcionais da natureza - de exemplos de comportamentos extraordinários de animais, a paisagens sublimes. O concurso é organizado pelo Museu de História Natural de Londres e o júri é constituído por um painel de profissionais da indústria. As imagens são propostas por fotógrafos amadores e profissionais e escolhidas com base na sua criatividade, valor artístico e complexidade técnica. A partir de dezembro de 2015 já vai ser possível submeter propostas de imagens para o concurso de 2016, no site do museu.