Orgulhosa das suas raízes portuguesas, a fotógrafa luso-venezuelana Fabiola de Freitas está a preparar a exposição de fotografia “Portugal ID” sobre a visão artística do quotidiano em território português e que procura responder à pergunta “a que sabe Portugal?”.

“Portugal ID é uma exposição que procura responder à pergunta, qual é o sabor de Portugal. São 34 fotografias que procuram mostrar uma visão da cultura e da gastronomia de Portugal, não apenas da ilha da Madeira, mas também de norte a sul de Portugal, e mostrar o entorno rural, as pessoas e as comidas”, explicou à agência Lusa.

Nascida em Caracas e emigrada há seis anos no Panamá, onde, com o apoio de vários organismos, entre eles o instituto Camões já expôs a primeira versão da “Portugal ID”, quer agora que os luso-venezuelanos “se entusiasmem a conhecer Portugal, mas não apenas as cidades, os sítios mais rurais e a provar a gastronomia portuguesa, que é muito boa”.

“Sinto-me portuguesa, aqui, no Panamá, em Portugal, em todos os lados”, sublinhou.

A artista considerou que “Portugal tem o sabor a casa, a família” e que “uma memória muito especial” a acompanha “a cada momento”: “desde o aroma familiar ao chegar a casa dos meus avós ao vinho a fermentar, o chouriço a assar sobre uma fogueira lenta” e “o sorriso da avó convidando a provar qualquer prato feito com amor, partilhando sempre a mais pequena coisa”.

Mas, para ela, há uma casa que é muito especial “a Casa de Santana, típica da Madeira”, explicou.

Fabiola de Freitas define-se como uma fotógrafa de vocação e profissão que cresceu a desfrutar dos domingos, “do ritual de partilhar mesas cheias de comida e de familiares”, das tradições de uma família que emigrou há 50 anos para a Venezuela “e que nunca deixaram de ser portugueses” e recorda que “no Natal, nas festas, sempre a portugalidade está muito presente”.

“No começo, a exposição iria chamar-se Saudade, porque sempre temos saudades do que é bom e a exposição mostra tudo o que faz as pessoas felizes, a espiritualidade, a convivência com os amigos, a terra, o vinho, a comida tradicional”, disse.

Precisou ainda que as fotografias mostram uma paisagem rural, pessoas, o mercado, o norte de Portugal, Lisboa, o Alentejo, a ilha da Madeira e de muitas outras partes” e explicou que “há muitos países onde não conhecem as maravilhas do que é a gastronomia de Portugal”.

“Quis fazer uma visão mais artística do que é algo quotidiano, a realidade de Portugal”, disse.

Explicou ainda que esteve no Carnaval de Podence, que foi declarado património imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO): “um festival de três dias que celebra o fim do inverno, o início da primavera, que tem um sentimento muito especial, muito colorido, em que as pessoas estão muito felizes”.

Explicou ainda que durante três anos esteve a preparar a exposição, a documentar-se e a fazer contactos. Também que viajou quatro vezes a Portugal para fazer as quase 11 mil fotografias que conserva.

 “A minha família é da Madeira. Foi muito especial visitar a ilha, porque de alguma foram deu-se uma conexão com a minha cultura originária. Muitas vezes nós não entendemos tudo. Quando comecei o projeto pensava uma coisa e descobri uma maravilha muito maior”, frisou.