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 Na série que viaja entre Manchester e Ibiza, brilha um português

Chama-se "White Lines", estreou na passada sexta-feira na Netflix e, no meio de tantos elogios, já chegou a número 1 do top 10 de conteúdos mais vistos na plataforma em Portugal. No que diz respeito à história, "White Lines" não traz nenhum tipo de ideia nova. Fala-nos de um jovem britânico, Axel Collins, que se mudou para Ibiza com três amigos para perseguir o sonho de ser DJ. Para trás, Axel deixou a sua irmã, Zoe, que acaba por se tornar numa das personagens principais da série.

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O mundo de festas, álcool e drogas acaba por consumir Axel, que desaparece, aparentemente sem deixar rasto. Depois de 20 anos sem se saber do seu paradeiro, o corpo de Axel é encontrado numa propriedade no Sul de Espanha, e Zoe decide embarcar numa odisseia em busca de respostas. Ao longo dessa jornada, conhece os amigos e os inimigos de Axel, descobre quem manda em Ibiza e envolve-se com Boxer, o chefe de segurança de uma das maiores famílias da ilha, que se torna no seu melhor aliado.

  • O problema das personagens: “White Lines” peca, entre tanta outras razões, por ter demasiadas personagens que pouca ou nenhuma ligação emocional trazem à história. Às tantas, damos por nós a fazer pausa na série para pensar de onde é que saiu aquela personagem e se nos estará a escapar algum detalhe.
  • A estrela portuguesa: Nós, portugueses, temos muito a mania de exaltar (e bem) aquilo que é nosso. E eu acredito que a presença de Nuno Lopes na série seja um dos motivos que ajuda a explicar o seu sucesso. Para além de a sua personagem, Boxer, ser o típico badboy a la Netflix de quem nós tantos gostamos, damos por nós a ver os próximos episódios para saber mais sobre a sua história de amor com Zoe, sem sequer nos lembrarmos do desaparecimento de Axel Collins.
  • Outros trabalhos de Nuno Lopes: Se ficaste fã do ator, podes ainda dar uma vista de olhos nos filmes “São Jorge” (2016) e “Linhas de Wellington” (2012), que ele protagoniza ou ainda série da RTP “Sara”, criada pelo Bruno Nogueira.

A família que parece colocar à prova a Lei de Murphy

A série de que vos falo é tudo aquilo que podemos imaginar quando ouvimos o termo “novela mexicana”. Inclusive, "La Casa de las Flores" é uma produção original da Netflix México. A série já tem três temporadas e transporta-nos para o seio da família de la Mora. Tudo começa quando, a meio de uma festa, a amante do patriarca, Roberta, decide suicidar-se na casa da família. A partir daí, a Lei de Murphy é posta à prova: tudo o que podia, vai correr mal, e é essa a essência da série.

O que torna "La Casa de las Flores" especial é o caos exagerado, as reações hiperbólicas e o drama que se encontra algures entre o cómico e o absurdo. Esta é a história de uma família disfuncional cheia de segredos, que gere um negócio de plantas. É a história de um filho que se debate com a sua sexualidade no meio de uma família conservadora, que vive para as aparências, e de uma filha que descobre que, afinal, não partilha o mesmo ADN que os restantes. É também, mas não só, a história de um funeral que conta com um espetáculo excêntrico de drag queens. Parece muito para digerir? Então aviso já que isto é apenas um pequeno resumo dos primeiros episódios.

  • A receita infalível para um bom binge: Sou da opinião de que as séries com episódios intensos mas mais curtos são as que mais nos fazem ficar agarrados ao ecrã durante horas, e este é um bom exemplo disso. Com episódios que rondam os 30 minutos, o tempo parece passar demasiado rápido. Quando damos por nós, percebemos que já devoramos uma temporada (ou três) de seguida.
  • Como é que um drama destes se torna numa série de conforto? "La Casa de las Flores" não procura ser um espelho da realidade, e isso parece ser reconfortante. O enredo e as interpretações são tão antagónicos daquilo que é a vida real que os episódios funcionam quase como uma forma de escapar às trivialidades do dia-a-dia.

Quem é que resiste a uma sátira de época?

Em jeito de resposta à pergunta anterior: eu não. Por isso, a série "The Great", que chegou nos últimos dias à HBO, veio preencher nas perfeição este meu gosto por cenários históricos, e anti-históricos, com uma pitada (ou até o frasco inteiro) de humor.

Ao longo dos 10 episódios da primeira temporada acompanhamos a vida da imperatriz russa Catarina, a Grande (interpretada por Elle Fanning), desde a altura em que ainda não era ninguém até à sua ascensão ao poder. Vinda da Prússia para casar com Pedro III (papel atribuído a Nicholas Hoult), Catarina, uma defensora do Iluminismo e da educação para o sexo feminino, acaba por descobrir que, ali, as mulheres não são tidas em conta e a sua única função é procriar. Depois de vários desentendimentos e noites de amor frias, a imperatriz decide que o melhor é mesmo travar um golpe para tirar o lugar ao marido.

Entre russos que resolvem todos os seus problemas com vodka, mil copos partidos ao dia, ursos como animais de estimação, e damas de companhia cuja única função é atirar bolas num relvado a tarde toda, no meio de tanta peripécia o mais difícil é mesmo tentar distinguir o que é que retrata situações reais do que é material satírico.

  • "The Great" não se preocupou com os factos: Como a própria série se assume no início de todos os episódios, é ocasionalmente fiel a acontecimentos reais e preocupa-se mais em satirizar a vida na corte do que em respeitar todos os detalhes. Para quem queira ver uma versão mais sóbria da história, a HBO também tem disponível a minissérie "Catarina, A Grande", com Helen Mirren no papel principal.
  • Onde é que já vimos antes?: A série foi criada, escrita e produzida por Tony McNamara, que também foi responsável por escrever o guião do filme "A Favorita", que esteve na corrida aos Óscares em 2019. As semelhanças no registo estão à vista.

Créditos finais

  • A plataforma Rotten Tomatoes, conhecida pelas críticas de cinema e televisão, está a fazer a competição Ultimate Summer Movie Showdown, em busca do melhor filme de verão. A primeira ronda começou com com 64 sucessos de bilheteira, que incluíam desde filmes de animação, como "Shrek" ou "Nemo", aos clássicos de ação, com "Jurassic Park" e "Star Wars". Já estamos nas últimas rondas, mas tu ainda podes votar no teu favorito aqui.
  • Desde o início do distanciamento social que a arte se adaptou ao mundo online. Na semana em que se celebra o Dia Internacional dos Museus, este artigo do SAPO24 volta a fazer o convite para entrares na rota virtual dos museus e monumentos nacionais.
  • Na primeira sessão do clube de leitura “É Desta Que Leio Isto” falou-se da obra O Velho Que Lia Romances de Amor, de Luís Sepúlveda. Podes ouvir aqui o primeiro encontro ou inscrever-te no próximo, que está marcado para dia 28 de maio, cujo tema será o livro 1984, de George Orwell.
  • No que diz respeito às estreias desta semana, anova série baseada numa super-heroína da DC Comics, "Stargirl", estreou hoje (terça-feira) na HBO.
  • O dia é ainda marcado pelo regresso de "Hotel", o podcast de ficção de Luís Franco Bastos. À Netflix, vai chegar a terceira temporada de "Dinastia", no sábado, dia 23 de maio.

Tens recomendações de coisas que eu podia gostar? Ou uma review de um dos conteúdos que falei? Envia para mariana.santos@madremedia.pt