Em declarações à agência Lusa, a responsável pela organização do Extremus, Mónica Cunha, apontou que este é um festival internacional que dá destaque às expressões na música, dança e teatro, sem esquecer a vertente formativa.

Recusando o ‘rótulo' de "teatro inclusivo ou especial", a encenadora da "Era uma vez? Teatro", companhia da Associação de Paralisia Cerebral do Porto (APPC), destacou a importância de evolver os mais jovens no projeto.

"Até aqui o Extreminhus [nome dado à vertente infantil do festival Extremus] convidou as crianças e jovens a vir até nós, mas agora vamos nós fazer itinerância nas escolas porque achamos que deve fazer parte do projeto educativo a sensibilização para a diversidade", disse Mónica Cunha.

A responsável deseja que "no futuro não seja vendida aos mais pequenos a ideia de que há teatro inclusivo" porque, repetiu e salientou, “não há teatro inclusivo nem especial, há teatro”.

E acrescentou: “São pessoas diversas que estão a apresentar um espetáculo. Que se perceba que um espetáculo com pessoas com deficiência é um espetáculo é como outro qualquer".

Para os quatro dias estão agendadas mais de duas dezenas de atividades desde peças de teatro, oficinas, sessões de música e de dança, entre outras.

A companhia "Era uma vez... Teatro", da APPC, será a anfitriã dos projetos culturais e educativos trazidos por companhias nacionais e estrangeiras como a Companhia Bacantoh, de Barcelona, Espanha, que dinamizará um ‘workshop' de dança inclusiva.

Também participam as companhias das APPACDM (Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental) de Ponte de Lima, Santarém e Viana do Castelo, bem como instituições ligadas à paralisia cerebral de Lisboa e Coimbra, somando-se o Centro de Reabilitação e Integração Torrejano (Torres Novas), a Fundação ANADE, de Madrid, Espanha, e a Sociedade Columbófila Dez de Junho (Gondomar).

Outro destaque do programa é a estreia absoluta, pela APPC, da peça "Epidemia Urbana" que parte de textos da obra "Ensaio sobre a Cegueira", de José Saramago, e que vai a cena sábado, pelas 16:30, na Fundação José Rodrigues. A fundação está a comemorar aniversário, pelo que o espetáculo será dedicado ao mestre.

De acordo com informação da APPC, desde o seu arranque, em 1999, o Extremus já foi responsável pela programação de 130 espetáculos e apresentou em palco 95 companhias profissionais e amadoras de pessoas com deficiência.

A organização também destaca que o público do Extremus "mais do que quadruplicou, com uma enorme tendência a fidelizar-se ao evento" e que "toda a programação dá atenção às novas linguagens artísticas, bem como pretende desenvolver parcerias que estimulem a prática artística nas suas diferentes componentes junto das pessoas com deficiência".

O Extremus é cofinanciado pelo Programa de Financiamento a Projetos pelo Instituto Nacional de Reabilitação.