Braga é conhecida como a cidade os Arcebispos. Tem história e património. Cultura e artes. Mas é também uma cidade do conhecimento, da investigação e da inovação, com uma população bastante jovem, com apetência pela utilização de componentes tecnológicas nas atividades mais tradicionais.

Pegando neste código genético, Braga apresentou a candidatura a Cidade Criativa da UNESCO no domínio das Media Arts. “A candidatura nasceu da própria disposição que existe na cidade para a tecnologia, a inovação e a arte”, referiu em declarações ao SAPO24, Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal de Braga.

O processo “envolveu diversos agentes da sociedade civil, como empresários, investigadores, artistas e membros da comunidade cultural” e surgiu da necessidade de colar algumas iniciativas isoladas desenvolvidas ao longo dos últimos anos. Entre elas, o festival de música eletrónica e artes digitais Semibreve, o BRG Collective, um grupo de criadores de Braga de diferentes áreas artísticas que explora as relações entre som, imagem e artes digitais e o Braga International Video Dance Festival.

Na cidade há um cluster tecnológico com empresas de tecnologia, estúdios de comunicação digital, laboratórios e centros de investigação na área da robótica, jogos, multimédia e media arts, a que se junta um ecossistema cultural que mete lado a lado Arte e Tecnologia.

Numa altura que muito se fala de startups, Ricardo Rio, afasta comparações com outras cidades e pretende que Braga tenha “um caminho próprio”, destacando o “sucesso notável” que a Startup Braga alcançou em três anos, colocando-o “no mapa do empreendedorismo nacional e internacional”.

Tal só possível “porque existe um ecossistema muito favorável, onde a instituições trabalham em conjunto, nomeadamente através do Município e da Invest Braga, a Universidade do Minho, o INL – Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (único centro europeu de investigação nas várias aplicações da nanotecnologia), as unidades de investigação e as empresas”, frisou.

“Este hub de inovação tem uma relação muito próxima com a arte e a cultura, havendo diversos projetos artísticos que têm emergido por parte da comunidade e em cooperação com o ecossistema de inovação”, acrescentou.

Marcelo e Adolfo Luxúria Canibal e o ADN da cidade

“Para além de projetar a cidade internacionalmente”, Rio pretende “desenvolver um projeto que no futuro aporte à cidade uma maior dinâmica do ponto de vista económico e uma maior ambição com a criação de uma indústria ligada as atividades criativas”, anunciou num testemunho partilhado em vídeo.

Ao repto do presidente da Câmara Municipal de Braga junta-se Marcelo Rebelo de Sousa e o músico Adolfo Luxúria Canibal, que deixaram, igualmente de viva voz, a sua visão sobre o ADN da capital do Minho, que está por detrás da candidatura submetida à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) para Cidade Criativa em Media Arts.

Em relação ao processo de candidatura a Cidade Criativa da UNESCO, cuja rede de Cidades existe desde 2004, a decisão é esperada no final do próximo mês de outubro e deverá ser coroada “de êxito”, sublinhou o edil, salientando todo o “trabalho que está a ser efetuado em Braga no âmbito da cultura” e que visa também “candidatar o município a Capital Europeia da Cultura em 2027”, lê-se num comunicado de imprensa aquando da apresentação da candidatura.

Segundo revelou a autarquia bracarense, o “plano de ação” que orienta a candidatura prevê um conjunto de medidas e projetos a concretizar, caso a cidade alcance a distinção da UNESCO: “a criação de um Media Arts Centre, centro criativo, o Primeiros Bits na escola, um programa de literacia ligado à música, o programa Digital Heritage, digitalização do património e um Festival Internacional Braga Media Arts”.

A nível internacional há nove cidades criativas no domínio das Media Arts: York (Reino Unido, 2014), Linz (Áustria, 2014), Enghien-Les-Bains (França, 2013), Lyon (França, 2008), Austin (EUA, 2015), Dakar (Senegal, 2014), Tel Aviv (Israel, 2014), Gwangju (Coreia do Sul, 2014) e Sapporo (Japão, 2013).

Em Portugal há dois Concelhos com a classificação de Cidade Criativa: Óbidos, no domínio da Literatura, e Idanha-a-Nova, na música.