Ser mãe do Romeu mudou-lhe a vida. “Tenho um irmão que nasceu quando eu tinha 12 anos, achei que tinha uma consciência grande da maternidade. Mas não estava à espera da transformação identitária a um grau tão profunda. A maternidade transformou-me. Observar a infância de outra pessoa tão de perto faz com que se reviva a nossa própria infância. Os filhos obrigam-nos a parar, a ver a flor que cresce à beira do caminho”, conta Capicua, nesta conversa com Patrícia Reis e Paula Cosme Pinto. Porém, é também a primeira a admitir: “Tratar de uma criança a tempo inteiro é pior do que ser controlador aéreo. Acabas uma tarefa e há outra, nunca termina”.

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Diz que escreve “para digerir as dores da existência”, contudo, cantar foi mesmo um acaso: “Nunca pensei em fazer música, não tinha sequer talento, encontrei o hip-hop, depois os graffitis e o rap. O rap deu-me a possibilidade de fazer música”.

Reconhecendo que o rap é um ‘boys club’, a artista explica: “No meu caso, o que foi mais difícil de superar, além da ideia preconceituosa que as miúdas não podem fazer rap, eram os rapazes que não tinham amigas, não sabiam como comunicar connosco. Havia um estranhamento, não há identificação. Não gostam de se comparar connosco, gostam de ser uma liga à parte, porque há uma masculinidade performada que se ostenta como uma coisa viril”.

Não sabe como vai envelhecer no rap em Portugal, mas sabe que é na palavra escrita que encontra resposta para o mundo. “Em miúda, o meu sentido humor já era baseado na linguagem. Antes de saber escrever já gostava das palavras. Aprender a escrever foi ganhar um superpoder”.

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