Ichiran é o nome de uma cadeia de restaurantes, muito popular no Japão e Hong Kong, com espaços abertos 24 horas por dia. Há duas semanas, a 19 de outubro, abriu o seu primeiro restaurante nos Estados Unidos, em Nova Iorque (Bushwick, em Brooklin) e pessoas de toda a cidade fizeram fila para entrar e experimentar.
Experimentar o quê? Bom, a cozinha é asiática e o prato principal é o ramen, uma espécie de canja oriental. Mas, na realidade isso nem é o mais importante. O que os restaurantes Ichiran têm de diferente é a sua proposta zen para o tempo que os clientes usam nas refeições. Chamam-lhe "refeições de baixa interacção" e isso significa não manter conversas, não falar com ninguém inclusive quando se chega ao restaurante e se faz o pedido, e comer igualmente em silêncio.
De acordo com os autores do conceito, desta forma os clientes focam-se na refeição o que aumenta o prazer que retiram da comida. Porque são só eles e o seu prato de comida.
Como funciona? Cada cliente tem um cubículo para si onde faz a sua refeição. Não há mesas, não há grupos. Nestes cubículos, a proposta é que os clientes se concentrem no sabor - o que permitirá elevar a experiência sensorial da refeição. Sozinhos. Quando chegam ao restaurante, os clientes sabem que cubículos estão disponíveis mediante um painel de luz (um pouco como nos parques de estacionamento) e só têm de escolher o seu lugar.
Os pedidos são feitos e servidos por empregados que os clientes não vêem e com quem não interagem. Quando a refeição chega à mesa, descreve o Quartz, há apenas um par de mãos que serve uma tigela com o que o cliente pediu, "não há por favor nem obrigado".
As opções de menu são deliberadamente limitadas: o ramen feito com osso de porco, os noodles e algumas coberturas ou molhos.
Os críticos gastronómicos não são unânimes sobre a qualidade do que se come, há quem considere banal, há quem diga que se trata do "melhor ramen do mundo". O facto é que numa época em que os restaurantes asiáticos que propõem noodles se multiplicam no mundo inteiro, a Ichiran encontrou uma forma de se diferenciar pela simplicidade e pelo apelo ao desligamento do mundo onde há sempre alguém a falar connosco em algum sítio.
De acordo com um estudo da Nielsen Research, publicado em julho, o tempo despendido em frente a um ecrã nos Estados Unidos subiu no último ano para 10,5 horas/dia (mais uma hora do que no ano anterior). Ou seja, das 168 horas semanais, mais de um terço é passado em frente ao computador, telemóvel, televisão ou outro dispositivo electrónico. Do tempo gasto online , 20% é passado em redes sociais - interagindo, precisamente aquilo que os restaurantes Ichiran propõe que não façamos.
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