De acordo com os Documentos Previsionais de Gestão para 2018, que vão ser votados na reunião camarária de terça-feira e a que a Lusa teve hoje acesso, “a Cultura, enquanto fator de desenvolvimento da cidade, possui uma dotação de 6,5 milhões de euros”.

A verba será afetada ao Teatro Municipal do Porto, com os seus dois polos, Rivoli e Campo Alegre, bem como “a outros equipamentos, que permitem consolidar uma dimensão cosmopolita” que distingue o Porto “entre cidades da mesma dimensão” e que tem “um papel fundamental no combate à desertificação e à degradação urbana”, como se pode ler no documento.

“Incluem-se aqui intervenções a realizar pela empresa municipal GO Porto, EM [dedicada à Gestão de Obras Públicas], no valor de 1,4 milhões de euros, para intervenções diversas nos museus e biblioteca municipal”, acrescenta o documento.

Com um orçamento total de 257,4 milhões de euros, a Câmara do Porto destina ainda 2,1 milhões de euros para “o funcionamento e as atividades culturais inseridas nos museus e património cultural, arquivos e bibliotecas”, o que totaliza 7,2 milhões de euros os recursos financeiros afetos à Direção Municipal da Cultura e Ciência.

“A política cultural da cidade aplicada nos últimos quatro anos transformou a forma como o município se relaciona com os públicos, com os agentes culturais da cidade e da região, com o mundo e com os seus equipamentos culturais. Agora que projetos como o Teatro Municipal do Porto, o Fórum do Futuro ou o Cultura em Expansão, considerados basilares na política cultural do município, entraram em velocidade de cruzeiro, há que abraçar os novos desafios já identificados”, assinala a autarquia.

Destes novos projetos, a Câmara refere “o contrato conseguido em 2017 com os proprietários do Cinema Batalha, a aquisição que visou proteger o Teatro Sá da Bandeira e um conjunto de outros projetos”, como o do antigo Matadouro de Campanhã e do Museu de História da Cidade. Segundo a autarquia, tudo isto obriga “a que o orçamento da cultura seja necessariamente reforçado”.

“A criação e implementação, para breve, da empresa municipal de Cultura irá favorecer a boa aplicação dos recursos existentes e agilizar a gestão de alguns destes equipamentos”, observa a Câmara.

Os documentos de gestão previsional da autarquia colocam a Cultura também “no âmbito da dinamização económica da cidade, fortemente correlacionada com o desenvolvimento social e com a sua energia cultural”.

Nesta área, a autarquia cita o Museu da Indústria e “um novo polo cultural do Município em parceria com a Fundação de Serralves”, com vista a corporizar “a ideia de uma cidade com todos e para todos”.

No seu portal de notícias, a Câmara revelou, em outubro de 2016, que o acordo para o Porto receber as obras de Miró incluía “um polo de Serralves no Matadouro”. De acordo com a nota informativa, Serralves vai criar no Matadouro de Campanhã “um museu municipal que receberá em permanência a coleção de obras de Juan Miró”.

No fim de 2016, o Governo anunciou que seria o Porto a acolher as 85 obras do artista catalão Juan Miró provenientes do antigo Banco Português de Negócios (BPN).

A coleção foi apresentada pela primeira vez na Casa de Serralves, entre outubro de 2016 e junho, tendo recebido recebeu um total de 240.048 visitantes, segundo a DGPC e a Fundação de Serralves.

A mostra, que está patente até 08 de janeiro no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, abarca um período de seis décadas da carreira de Joan Miró (1893-1983), de 1924 a 1981, debruçando-se de forma particular sobre a transformação das linguagens pictóricas que o artista catalão começou a desenvolver nos anos 20 do século passado.