Na competição nacional, o prémio de Melhor Filme foi para “Distopia”, de Tiago Afonso, enquanto a coprodução luso-brasileira “Meio Ano-Luz”, de Leonardo Mouramateus, venceu o prémio do júri desta edição do DocLisboa.

“Distopia” denuncia “não só a gentrificação que transforma a cidade”, mas também “a gentrificação das mentes, das imagens e da forma do cinema”, através da “luta de uma comunidade pelos seus direitos”, sublinhou o júri. O filme acompanha, durante 13 anos, de 2007 a 2020, a mudança no tecido social da cidade do Porto, demolições, expulsões e realojamentos que afetam a comunidade cigana do Bacelo, a população do Bairro do Aleixo e os vendedores da Feira da Vandoma.

“Meio Ano-Luz” fixa-se numa esquina da zona histórica de Lisboa, no ilustrador que aí se encontra e nas pessoas que por ela passam.

O prémio do júri da competição internacional foi para “O Lugar Mais Seguro do Mundo”, de Aline Lata e Helena Wolfenson, tendo sido atribuída uma menção honrosa a “Public Library”, de Clément Abbey

“Alcindo”, do antropólogo Miguel Dores sobre racismo em Portugal, a partir da história do homicídio de Alcindo Monteiro, português de origem cabo-verdiana, vítima de ódio racial, em 1995, foi o filme distinguido com o Prémio do Público.

O Prémio Revelação para Melhor Primeira Longa-Metragem foi para “You Are Ceausescu to Me”, de Sebastian Mihailescu. Uma menção honrosa foi atribuída a “The Spark”/”L’Étincelle”, de Valeria Mazzucchi e Antoine Harari.

A produção brasileira “Gargaú”, de Bruno Ribeiro, recebeu o Prémio de Melhor Curta-Metragem, que conta com uma menção honrosa para “Avenuers” (ep. 3), de Roberto Santaguida.

O Prémio Prática, Tradição e Património foi para a produção brasileira “Nuhu Yãg Mu Yõg Hãm: Essa Terra é Nossa!”, de Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu e Roberto Romero, uma história de ocupação e extermínio dos povos indígenas.

O Prémio Fernando Lopes – Prémio Midas Filmes e Doclisboa para Melhor Primeiro Filme Português, foi para “Sounds of Weariness/Léssivés”, de Taymour Boulos, um filme de cariz experimental.

Pedro Figueiredo Neto e Ricardo Falcão receberam o Prémio Lugares de Trabalho Seguros e Saudáveis, com “Yoon”.

Na Competição Verdes Anos, foi premiado “Tardo Agosto”, de Federico Cammarata e Filippo Foscarini, e o Prémio Especial do Júri foi para “A cambio de tu vida”, de Olatz Ovejero, Clara López, Aurora Báez e Sebastián Ramírez, enquanto “Meia-Luz”, de Maria Patrão, teve o prémio de Melhor Filme Português – uma obra inspirada pelas imagens de “Jaime”, de António Reis. Foi também atribuída uma menção honrosa, na competição Verdes Anos, a “Fora da Bouça”, de Mário Veloso.

Os prémios Arché para projetos em fase de montagem distinguiram “Bajo las banderas, el sol”, de Juan José Pereira, e “Handycam”, de Francisco Bouzas (prémio do júri).

Na fase de Escrita ou Desenvolvimento foram escolhidos “BEA VII”, de Natalia Garayalde, e “As Mulheres do Pau-Brasil”, de Thais de Almeida Prado. Houve ainda uma menção especial para “Orlando Furioso” de Rafael Ramirez.

O festival DocLisboa que teve início no passado dia 21 regressou este ano ao formato em sala de cinema, com mais de duzentos filmes.

“Famille FC”, de André Valentim Almeida, “Kinorama – Beyond the walls of the real”, de Edgar Pêra, “Eunice ou carta a uma jovem atriz”, de Tiago Durão, sobre Eunice Muñoz, “Ninguém fica para traz”, de Nuno Pires Pereira (dar o lugar da preposição ao verbo trazer é propositado), sobre a associação União Audiovisual, e “Jamaika”, de José Sarmento Matos, sobre a vida do bairro da Jamaica (Setúbal), foram outros filmes portugueses selecionados pelo festival.

O DocLisboa encerra no domingo com “The tale of king crab”, estreado este ano em Cannes, assinado por Alessio Rigo de Righi e Matteo Zoppis.

MAG (SS) // JMR

Lusa/fim