Um dos aspetos que mais impressiona os transeuntes é o tamanho dos painéis, que representam figuras como o Principezinho, Winston Churchill, Nelson Mandela, Cristiano Ronaldo, Carmen Miranda, Einstein, Batman, Homer Simpson, Charlie Chaplin, Che Guevara e Jesus Cristo. "A reação é muito positiva. As pessoas expressam logo um sorriso, uma surpresa bastante forte. Parece contagiante para os locais e para os turistas", disse à agência Lusa José António Barros, responsável pelo Teatro Metaphora.

Todos os painéis foram compostos ao pormenor com latas espalmadas e agrafadas em placas de grandes dimensões, no âmbito de um projeto integrado nas festividades de São Pedro, que decorrem até ao final do mês em Câmara de Lobos, zona oeste da ilha.

"O processo foi este: recolher as latas, lavar, cortar, separar por cor e, por fim, começamos a compor os painéis, feitos à medida das portas e das janelas", explicou José António Barros, realçando que o projeto começou em novembro de 2016 e só terminou na passada semana com a colocação das peças na rua.

Há três anos, a Câmara Municipal de Câmara de Lobos iniciou um projeto que consiste em dividir o centro cidade em secções, por altura das festas de São Pedro, encarregando instituições locais de proceder à sua decoração.

O Teatro Metaphora ficou, este ano, responsável por uma secção da rua que conduz à igreja matriz e apostou nas latas de refrigerantes como matéria-prima, compondo não apenas painéis, mas também figuras que estão suspensas, como borboletas, flores, joaninhas e ainda um globo terrestre.

"Foi um processo em que fomos aprendendo e fazendo, porque nunca tínhamos feito nada disto", disse, contando que foram experimentadas diversas formas para fixar as latas e que, pelo meio, houve "muitos cortes nos dedos" e a caixa de pensos-rápidos "esgotou rapidamente".

Trinta e quatro pessoas participaram na composição dos painéis, mas o "núcleo duro" baseou-se em dez elementos da associação, que dedicaram muitas horas ao projeto.

O Teatro Metaphora foi constituído em 2009, mas cedo diversificou o âmbito de atividade, sendo atualmente uma associação cultural, educativa e social, vocacionada para componente ambiente/arte e, por outro lado, envolvida em programas de mobilidade juvenil através do Erasmus e projetos semelhantes com países africanos.

"Seguimos a máxima ‘pensar global, agir local'", disse José António Barros, antes de realçar que um dos painéis, cuja figura aparenta ser um bombeiro ou um pescador, é na verdade o retrato de um sem-abrigo da cidade, um indivíduo conhecido localmente por "Porreirinho", por andar sempre de polegar erguido e pronunciar esta expressão com frequência.

"Foi uma homenagem que lhe fizemos, para lhe dar força para continuar a fazer as suas tentativas de reabilitação e ele ficou comovido com isso", explicou, vincando que, deste modo, a arte cumpre a sua função: transformar as pessoas.

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