Intitulada "Tempo depois do tempo. Fotografias de Alfredo Cunha 1970-2017" a retrospetiva apresenta diversas imagens que ficaram na história do país ainda antes do 25 de abril de 1974, de acordo com a organização, a cargo das Galerias Municipais de Lisboa.

Momentos que ficaram na memória coletiva dos portugueses, como as imagens do capitão Salgueiro Maia no dia da Revolução dos Cravos, ou dos contentores chegados das ex-colónias africanas portuguesas ao Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, vão ser integradas nesta exposição.

Ao longo de 47 anos, Alfredo Cunha captou, não só factos históricos como rostos anónimos pelo mundo inteiro: a queda do ditador Nicolae Ceauşescu, na Roménia (em 1989), a guerra no Iraque, país onde esteve em 2003 e ao qual regressou várias vezes na última década.

Em 2012 tornou-se fotojornalista freelancer e participou no projeto comemorativo dos 30 anos da Assistência Médica Internacional “Três Décadas de Esperança”, que o levou a percorrer países como o Níger, a Roménia, o Bangladexe, a Índia, o Haiti, o Sri Lanka, a Guiné-Bissau e o Nepal.

No quadro destas viagens criou o livro “Toda a esperança do mundo”, tendo também publicado reportagens nos jornais Expresso e Público.

Nascido em 1953, em Celorico da Beira, neto e filho de fotógrafos, Alfredo Cunha foi cedo influenciado pelo pai António, que começou a levá-lo a fotografar casamentos com cerca de 10 anos.

O seu trabalho também foi inspirado na obra de fotógrafos como Philip John Griffiths, Eugene Smith, Cartier-Bresson, Ferdinando Scianna, James Natchwey, Eugene Richards, Cristina Garcia Rodero e Josef Koudelka.

Reconhecido pela crítica como um dos maiores fotojornalistas da atualidade, foi distinguido com prémios nacionais e internacionais, entre as quais a Comenda do Infante D. Henrique, em 1995.

Parte da sua coleção encontra-se no Centro Português de Fotografia do Porto e no Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa, de que é o maior doador, tendo contribuído com mais de 500 fotografias em papel e mais de 5.000 digitalizadas, segundo o comunicado das Galerias Municipais.

Alfredo Cunha iniciou em 1970 a sua carreira profissional em fotografia publicitária e comercial e, no ano seguinte, em 1971, a carreira de fotojornalista no "Notícias da Amadora".

Trabalhou para o jornal "O Século" e para "O Século Ilustrado" (1972), na Agência de Notícias Portuguesa - ANOP (1977), nas agências de Notícias de Portugal (1982) e Lusa (1987).

Adicionalmente, trabalhou no jornal "Público" como fotógrafo e editor entre 1989 e 1997, na revista semanal “Focus”, na RTP, no "Jornal de Notícias" e na "Global Imagens".

Publicou diversos livros de fotografia entre os quais "Raízes da Nossa Força" (1972), "Vidas Alheias" (1975), "Disparos" (1976), "Naquele Tempo" (1995), "O Melhor Café" (1996), "Porto de Mar" (1998), "Cuidado com as crianças" (2003), "Cortina dos Dias" (2012), “O grande incêndio do Chiado” (2013), "Os rapazes dos tanques" (2014) e "Felicidade" (2016).

A retrospetiva - organizada por décadas e em núcleos, desde o nacional, internacional, retratos e AMI - vai ser inaugurada no dia 03 de março, às 19:00, e ficará patente até 25 de abril.