“A ideia é de um festival pensado de raiz, trazendo para a música portuguesa uma janela renovada para a demonstração de intérpretes e compositores portugueses”, afirmou hoje o diretor de programas da RTP, Daniel Deusdado, na conferência de imprensa de apresentação da 51.ª edição do Festival da Canção, em Lisboa, que se insere nas comemorações dos 60 anos da RTP, depois de não se ter realizado em 2016.
Para a edição deste ano, a RTP convidou 16 compositores, entre estes estreantes no festival como Rita Redshoes, Luísa Sobral, Samuel Úria, Pedro Silva Martins (dos Deolinda), Héber Marques (dos HMB), Nuno Gonçalves (dos The Gift), Nuno Figueiredo (dos Virgem Suta) e noiserv.
Para escolher os 16 compositores, a RTP contou com a ajuda de dois consultores: o jornalista Nuno Galopim, seguidor e admirador do Festival da Canção, e o radialista Henrique Amaro, que tem há vários um programa na rádio Antena 3 dedicado à nova música portuguesa.
Samuel Úria não hesitou ao aceitar o convite para compor um dos temas a concurso, como explicou à Lusa: “Senti que se abria espaço a pessoas como eu”.
“Não andei a tentar fazer malabarismos para ceder a exigências ou a históricos de coisas que fossem mais próprias do festival. Fiz uma canção muito característica minha. Brotou com a naturalidade com que brotam as minhas canções”, referiu o compositor que criou um tema a ser interpretado pelas Golden Slumbers (Catarina e Margarida Falcão).
O músico, de 37 anos, guarda “muitas memórias” do Festival da Canção, já que viveu a infância na década de 1980, “em que o festival era uma instituição familiar”. “Só havia dois canais, obrigatoriamente via-se o festival e via-se em família”, recordou.
Também Pedro Silva Martins, de 40 anos, se lembra dos “serões familiares” em frente à televisão: “Fez sempre parte da minha vida”, referiu, confessando haver uma altura em que se desligou do festival.
“Apesar de andar um pouco afastado sempre tive vontade de participar num evento destes”, partilhou, recordando já ter sido convidado noutras ocasiões, mas só agora ter aceitado.
O nome da intérprete para a sua canção, Lena d’Água, apareceu “mal surgiu o convite”.
“A Lena é uma referência minha desde a infância e disse há uns tempos que gostava de escrever para ela”, contou, acrescentando que a cantora “tem uma frescura incrível” e “vai ser uma surpresa para a maior parte das pessoas, que já não a ouve há muito tempo”.
Com o tema que criou, Pedro Silva Martins “quis fazer uma coisa que tivesse o cunho do festival”, a sua “assinatura”, “que servisse a Lena da melhor forma em termos de performance” e que tivesse “uma letra positiva e ficasse bem à Lena e a alguém que passou por aquilo que ela passou”.
Para Lena d’Água, “um bocadinho mais velha do que a RTP”, esta não é uma estreia.
A cantora recordou que a primeira vez em que participou foi em 1980, com “uma canção do Paulo de Carvalho, que não passou à final, que ele fez a gozar com o festival”. Em 1978 fez coros para os Gemini, que venceram nesse ano, e, também em 1980, fez coros para Madi, o vencedor dessa edição.
“[Voltar a concorrer] nunca me tinha passado pela cabeça, primeiro ri-me e depois disse que sim, era o Pedro Silva Martins, tinha todas as garantias”, disse, adiantando que a canção “é excelente: tem ideias e frases que ele me ouviu dizer, é mesmo feita para mim”.
A canção de Samuel Úria compete na primeira meia-final, emitida a 19 de fevereiro a partir dos estúdios da RTP em Lisboa. A de Pedro Silva Martins concorre na segunda meia-final, a 26 de fevereiro, que decorre também dos estúdios da RTP. Já a final, está marcada para 05 de março no Coliseu de Lisboa.
As três acontecem a um domingo “em horário nobre”, destacou o diretor de programas da RTP.
A final será também a festa dos 60 anos da RTP, que contará com a presença de “figuras históricas” da estação pública e será uma “homenagem a pessoas que marcaram a RTP”.
O júri do Festival da Canção deste ano será presidido por Júlio Isidro, que estará acompanhado pelos músicos e compositores Tozé Brito e Rámon Galarza, as cantoras Gabriela Schaaf e Dora, os radialistas Inês Lopes Gonçalves, Nuno Markl e Inês Meneses, e o investigador João Carlos Calixto.
O vencedor do Festival da Canção irá participar em maio no Festival da Eurovisão da Canção, que este ano decorre na Ucrânia.
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