O objetivo principal do estudo, que incidia sobre a mão esquerda (responsável por segurar o violino e pressionar as cordas), era "averiguar se existem alterações nos movimentos de algumas estruturas anatómicas e se estas estão em concordância com posições que reduzam a tensão muscular", explicou à Lusa o engenheiro do Laboratório de Biomecânica do Porto (Labiomep) Pedro Fonseca, membro da equipa que desenvolveu o projeto.

De acordo com o investigador, foi possível verificar que esta técnica, desenvolvida pelo maestro Eliseu Silva (responsável principal pelo projeto), traz vantagens, nomeadamente nas falanges proximais da mão esquerda, que apresentam-se numa posição neutra, sendo o violinista capaz de tocar a mesma peça musical com menor flexão e abdução falângica, traduzindo numa menor tensão muscular.

"Observamos também um aumento de 10% na rapidez de execução da peça, e uma aparente melhoria na afinação", indicou, acrescentando que esta técnica possibilita ainda um alcance mais fácil e com maior precisão de algumas notas mais baixas na escala do violino.

A ideia para este projeto surgiu da vontade de Eliseu Silva em otimizar a 'performance' da mão e do braço esquerdo. "Como é um trabalho de enorme exigência ao nível da agilidade, precisão, força e resistência, quis seguir métodos cientificamente mais fundamentadas de poder abordar a 'performance' deste membro",disse.

"O facto de muitos dos meus alunos na universidade e colegas de trabalho terem vários problemas musculoesqueléticos levou-me a procurar uma forma de tentar mitigá-los", indicou.

Segundo Pedro Fonseca, é frequente a existência de dor ou de desconforto, em várias partes do corpo, sendo um problema complexo visto que a execução musical com violino é naturalmente assimétrica (o músico tende a estar virado para o lado segura o violino e realiza toda a performance desse lado).

"Outro local onde existem frequentes queixas é na mão esquerda, pela necessidade de pressionar cordas para tocar as notas desejadas, e algumas das passagens são exigentes, requerendo grandes extensões e abduções dos dedos".

A recolha dos dados foi feita no Labiomep, através de uma série de exercícios controlados, em que variavam alguns parâmetros, de forma controlada, recorrendo a um conjunto de 'câmaras' que permitem recolher o movimento da mão, o posicionamento do violino e do arco e a postura assumida pelo músico.

Foi também aplicado aos participantes um questionário relativo à localização dos problemas musculoesqueléticos e à intensidade da dor nesses locais, e recolhida informação antropométrica, como as dimensões da mão e de cada um dos seus segmentos articulares.

Com recurso a um dinamómetro, foi ainda medida a capacidade da mão esquerda e da direita dos violinistas gerarem força de agarre.

Participam ainda neste projeto o professores Christopher Bochmann, da Universidade de Évora, e Rui Garganta, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.