"A primeira coisa que a Europa tem de fazer quanto às migrações é enfrentar a realidade. E os vossos políticos não vão enfrentar a realidade da situação", disse o filósofo em entrevista à Agência Lusa, à margem das Conferências do Estoril, a decorrer até quarta-feira.
Nascido em Montreal (Canadá), Lou Marinoff fundou o movimento de aconselhamento filosófico e a American Phillosophical Practicioners Association (APPA). Aconselhou líderes políticos, escreveu obras como "Mais Platão, Menos Prozac" ou "O Caminho do Meio" e descreve-se como "um conservador".
Não deixa dúvidas quanto a isso ao ser questionado sobre a crise migratória que afeta a Europa, a cujas fronteiras terrestres e marítimas (sobretudo Itália e Grécia) têm chegado milhares de refugiados e migrantes provenientes do Médio Oriente (em fuga da guerra na Síria) e da África sub-saariana.
"O que está a ser realçado é o aspeto humanitário da crise das migrações. Eu sou um humanista e acredito fortemente em oportunidades e liberdade e esperança. Mas também acredito que o multiculturalismo é completamente ridículo", afirma Lou Marinoff, pouco depois de ter interrompido a entrevista para cumprimentar Nigel Farage, o antigo líder do partido pró-Brexit no Reino Unido, o UKIP.
"Estou muito próximo da visão dele", diz o professor, enquanto um colega orador nas conferências lhe mostra uma foto de telemóvel em que aparece a trocar umas palavras com Farage, retomando depois o seu raciocínio, contrário ao multiculturalismo.
"As culturas não são todas iguais, se fossem não teríamos dois ou três milhões de migrantes. Se as culturas fossem todas iguais ninguém sairia dos seus países. Algumas culturas conseguiram produzir resultados por causa dos princípios sobre os quais foram fundadas", realça o professor, numa referência às sociedades ocidentais.
"Sejamos francos: o mundo muçulmano é um desastre economicamente, porque ainda não separou o estado da mesquita. E até que tenham uma sociedade civil forte, não terão uma política económica forte", completa.
Marinoff nota uma diferença essencial entre as gerações de migrantes muçulmanos: a do século XX e a atual.
O professor recordou que os Estados Unidos absorveram, só no século XX, "mais de 42 milhões de imigrantes".
"Cada um deles sentiu-se feliz e agradecido por poder dizer que era americano. [A Europa] teve gerações de muçulmanos, que vieram da Indonésia para a Holanda, a tornarem-se muçulmanos laicos, parceiros na sociedade civil. Turcos na Alemanha a fazerem parte da sociedade. Um Islão laico, como há um Cristianismo laico, um Judaísmo e um Budismo laicos", sublinha.
Já a nova geração muçulmana, afirma, "está radicalizada", "interpreta literalmente a ‘jihad’" e veio para a Europa "para impor a ‘sharia’” [a lei islâmica].
"E assim que tiverem os números do seu lado - já o estamos a ver no Londristão, na Suécia, na Alemanha - será um completo desastre", disse o professor.
Questionado sobre o caso de Portugal, em que as comunidades muçulmanas convivem tranquilamente com os cidadãos de outras religiões, Marinoff reitera que se trata de uma questão de tempo e de números.
"Portugal, por enquanto, tem sido poupado. Os muçulmanos não vieram [para o Ocidente] para assimilar. Vieram para conquistar, em câmara lenta. Eles estão a lembrar-se de 1492 [ano em que Castela conseguiu expulsar os mouros da Península Ibérica]. Por enquanto são pacíficos. Mas já podemos ver o que estão a fazer em França, em Inglaterra, na Alemanha e na Áustria", exemplifica, numa visão extremista da relação entre as duas culturas.
"Quando conseguirem massa crítica, acima dos 4% - uma percentagem baseada em dados empíricos - significa que já têm enclaves, onde a polícia já não entra, onde você já não é bem-vindo (...). Recusam-se a obedecer à lei e querem impor a ‘sharia uber alles'", sentenciou.
O terrorismo, afirma, "é apenas uma tática". "Para que fiquemos amedrontados e tentemos acalmá-los, dando-lhes ainda mais poder. É um desastre", disse.
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