De acordo com uma publicação na página oficinal da maestrina, o cargo será assumido a partir de 01 de setembro de 2019, por um período inicial de três anos.
Marin Alsop, uma das principais maestrinas do mundo, e a primeira mulher a conduzir a última noite dos Proms, em Londres, afirmou, em declarações ao britânico The Guardian, sentir-se honrada por assumir o cargo em Viena, que apelidou de “a sede da música clássica”.
Reconhecendo quão inovadora a sua nomeação foi para a “capital” da música clássica do mundo, Marin Alsop disse que aceitou a oportunidade de “empurrar este papel” para as mulheres na música, mas também disse esperar, em breve, o tempo em que ser “a primeira mulher” já não é novidade.
“Estou muito honrada por ser a primeira”, admitiu, “mas também estou bastante chocada por, neste ano e neste século em que vivemos, ainda poder haver ‘primeiras’ para as mulheres”.
A maestrina afirmou-se determinada a ver a sua nomeação como condutora chefe da orquestra de sinfónica de rádio da ORF como “uma oportunidade para tentar centrar a questão menos no ser ‘a primeira’ e mais em como criar muitas mais oportunidades para uma grande variedade de mulheres nesses papéis e como mudar a paisagem para futuras gerações”.
O meio musical de Viena tem sido frequentemente manchete em todo o mundo pela sua atitude machista em relação às mulheres.
Só há 20 anos é que a Orquestra Filarmónica de Viena se curvou perante a pressão pública e anunciou que iria aceitar pela primeira vez mulheres.
Contudo, a orquestra foi relutante em admitir que integrou uma mulher – a harpista Anna Lelkes — durante os 26 anos anteriores, sem nunca ter reconhecido a sua presença, permitindo que apenas as suas mãos fossem visíveis durante as transmissões televisivas.
Mesmo depois de se abrir oficialmente às mulheres, a orquestra revelou-se lenta a nomeá-las e até hoje continua a ser dominada por homens.
Marin Alsop descreveu a RSO de Viena, que comemora seu 50.º aniversário no próximo ano, como uma orquestra de ponta e inovadora, que viu a sua responsabilidade de “fazer o inesperado”. A maestrina afirmou-se “muito emocionada” por ter sido escolhida pelos próprios músicos para suceder a Cornelius Meister, que liderou a orquestra desde 2010.
“É ótimo que a orquestra surja assim”, disse Marin Alsop ao diário britânico, acrescentando: “É maravilhoso podermos mostrar uma mulher num papel de liderança como este. Esta será uma relação nascida de um objetivo compartilhado, o de criarmos a melhor música e encontrarmos o mais alto nível artístico de excelência”.
Nascida em Nova Iorque, Marin Alsop sonhava, desde os nove anos, ser maestrina, tendo estudado com Leonard Bernstein. Conhecida por um estilo condutor fervoroso, mas sóbrio, e pela forte crença em programas de divulgação para jovens, é também regente das Orquestras Sinfónicas de São Paulo e de Baltimore.
Em 2007, tornou-se a primeira mulher a liderar uma grande orquestra dos EUA.
Atualmente, é artista residente no Southbank Centre de Londres e tem um papel fundamental nas celebrações globais, deste ano, para o centenário de Bernstein.
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