“Discos Orfeu — Imagens, Palavras, Sons (1956-1983)” é o nome da “primeira grande exposição dedicada à emblemática editora” Orfeu, que chegou a gravar um disco por semana, e foi responsável pelo lançamento de discos de músicos como Adriano Correia de Oliveira, José Cid ou Sérgio Godinho, revelou hoje Câmara Municipal de Matosinhos.

A exposição tem inauguração marcada para a Casa do Design de Matosinhos na próxima quinta-feira, dia 04 de maio, pelas 17:00.

Em entrevista telefónica à Lusa, o fundador da Orfeu, Arnaldo Trindade, sublinhou que a “Discos Orfeu” é a primeira exposição que reúne 60 anos de história daquela editora, que iniciou a sua atividade em 1956 e que é a responsável pela edição fonográfica de autores como José Régio, Eugénio de Andrade, José Rodrigues Miguéis ou Sophia de Mello Breyner.

“É a primeira vez que se faz uma exposição destas e que representa 60 anos de trabalho (…), representa uma época bastante importante na nossa vida, porque foi de facto uma época das trevas, do regime anterior e que conseguiu, através da vontade e do entusiasmo de um grupo de jovens da altura, fazer uma obra que ainda hoje perdura, como é a de José Afonso, a do Adriano Correia de Oliveira, do Fausto, do Sérgio Godinho, de José Cid, do António Mafra e dos poetas a gravarem as sua obras”, disse Arnaldo Trindade.

A Orfeu nasceu em 1956, chegou a ter sede na rua de Santa Catarina e “teve a sorte” de estar no Porto num período que era uma “espécie de renascimento”, aproveitando artistas oriundos do Teatro Experimental para declamarem poetas mortos, e artistas da Escola de Belas Artes, recordou o fundador da editora portuense.

A exposição, aberta até dia 12 de junho, tem a curadoria de José Bártolo e estrutura-se em cinco núcleos principais: “No início era o verbo” (1956-1959), “Trovas do Vento que passa (1960-1967)”, “Vozes da Revolução (1968-1975)”, “Entre Vénus e Marte (1976-1979)” e “O fim da aventura (1980-1983)”.

Entre as centenas de discos de vinil que vão estar em exposição ao longo do próximo mês e meio, o público vai poder ver trabalhos como “Traz Outro Amigo também” (1970) ou “Cantigas do Maio” (1971) de José Afonso, os discos “Pano-Cru” (1978) e “Campolide” (1979), de Sérgio Godinho, e “10.000 anos depois entre Vénus e Marte” (1978), de José Cid.

A mostra vai também revelar o primeiro contrato de José Afonso com a Orfeu ou os originais da arte final da capa do disco “Coro dos Tribunais”, revelou a autarquia, acrescentando que todo o trabalho de investigação para aquele certame foi coordenado por José Bártolo, em articulação com Arnaldo Trindade e Noly Trindade e teve ainda a colaboração técnica de João Carlos Callixto, Carlos Paes, João Pedro Rocha e Heitor Vasconcelos.

O trabalho gráfico da Orfeu vai também estar em destaque na exposição com revelações de capas de discos assinadas por designers como José Santa-Bárbara, Fernando Aroso, José Brandão, José Luís Tinoco ou Alberto Lopes.

Na “Discos Orfeu — Imagens, Palavras, Sons (1956-1983)” vai também haver oportunidade para apreciar imagens de fotógrafos da altura como Fernando Aroso, Eduardo Gageiro, Álvaro João, Nick Boothman, João Paulo Sotto Mayor ou Patrick Ullmann.

A par da exposição decorre também uma programação paralela que juntará diversos artistas Orfeu, colecionadores e musicólogos, refere a autarquia, sem anunciar ainda os nomes e as datas.