O projeto de caráter privado tem como conceito a reabilitação urbana, reciclagem, reutilização e sustentabilidade ambiental e, segundo Ângela Moreira, que é também a diretora do museu, praticamente tudo o que foi aplicado nos seus 700 metros quadrados é material reutilizado.

Na conversa com a Lusa, a responsável do museu relatou que a ideia do museu surgiu durante o primeiro confinamento devido à covid-19, em 2020, quando dedicou parte do seu tempo livre a recuperar casas que comprou pela internet.

“Um dia o meu marido disse-me que quando tivesse 24 casas prontas que devia abrir um museu. E assim foi!”, contou, entre sorrisos, sobre um trabalho de quatro anos que agora ganha corpo numa antiga garagem na Rua Alferes Malheiro e onde reuniu 60 dessas casas entretanto recuperadas.

Quem entra no espaço, onde enormes claraboias garantem luz natural durante grande parte do dia, tem a sensação de estar numa casa vitoriana, com as paredes forradas com papel de parede e o mobiliário a induzir estar-se na intimidade de uma habitação britânica.

Na viagem pelo museu, descreveu Ângela Moreira, o visitante encontrará “a casa da fazenda, no Brasil, duas casas andaluzas, a casa tradicional do País Basco e de Inglaterra e uma réplica do Palácio de Versalhes”, acrescentando o detalhe de que “nas casas temáticas manteve-se o traço original para que as pessoas percebam com era a vida e o mobiliário”.

O museu, que numa primeira fase, disse a diretora, vai estar aberto de segunda-feira a sexta-feira, vai apostar nas escolas, estando preparado também com atividades, em diferentes espaços, para atrair jovens desde o pré-escolar até ao 12.º ano.

“Os jovens serão estimulados a trazer materiais, por exemplo, caixas de fruta, que serão depois transformadas em prateleiras para usar na sala de aula”, revelou a responsável, convicta de que “essas tarefas sensibilizarão os jovens sobre o desperdício”.

Os adultos não ficam fora do ímpeto da diretora do museu de aumentar a consciência ambiental e as capacidades de todos e promete, a seu tempo, abrir o espaço a quem quiser aprender a fazer pequenas obras em casa. .

Num canto do museu, um BMW Isetta 300 parece destoar no meio de tantas casas expostas, mas Ângela Moreira explicou o enquadramento, a reutilização dos materiais que é, também, uma das mensagens do novo espaço cultural do Porto.

“É um carro de 1954, que aproveitou as portas dos helicópteros da II Guerra Mundial para ser colocada na sua frente”, revelou.