O filho do manager dos Sex Pistols, Malcolm McLaren, e da designer Vivienne Westwood, ateou ontem fogo a um conjunto de valiosas recordações punk, em protesto contra os planos de comemoração do 40º aniversário do movimento.

Joe Corré queimou artigos cujo valor é calculado em cinco milhões de libras (6,2 milhões de euros) num barco no rio Tamisa, em Londres. Esta memorabilia pertencia respectivamente ao seu pai, Malcolm McLaren, manager dos Sex Pistols,  já falecido, e à sua mãe, a conhecida estilista inglesa, Vivienne Westwood, de 75 anos, que se juntou à iniciativa do filho de incendiar a valiosa colecção de artigos ilustrativos de uma época na música e na história, incluindo roupas desenhadas por ela.

"O punk nunca, nunca teve como objetivo ser nostálgico, e ninguém pode aprender como ser um punk através de evocações num museu de Londres", disse Joe Corré aos transeuntes que o observavam."O punk tornou-se mais uma ferramenta de mercado para vender algo de que não precisamos. A ilusão de uma escolha alternativa. Conformidade com outro uniforme".

Punk is [not] dead. Eis a questão

O conjunto de recordações ficou reduzido a cinzas, com fogos de artifício e imagens de líderes políticos. Anteriormente, Corré tinha já dito que não gostava dos planos de Londres de comemorar os 40 anos da subcultura punk. Punk is not dead, a máxima usada ao longo de décadas, é na sua opinião simplesmente mentira hoje. O punk está morto, afirma, e os mais jovens não devem ser enganados.

O filho do manager dos Sex Pistols não conta, nesta cruzada, com o apoio de John Lydon, conhecido como Johnny Rotten, e ex-vocalista da banda. Rotten criticou Corré pelas suas afirmações e intenção anunciada de queimar o espólio na sua posse, tendo dito à imprensa britânica que a colecção deveria ser vendida e doada para caridade.

O programa, que inclui eventos, espetáculos e exposições, é apoiado pelo mayor de Londres, pela Biblioteca Britânica e pelo Instituto do Cinema Britânico, entre outros.

Joe Corré disse também que queria destacar "a hipocrisia que há no roubo de 40 anos de 'Anarchy In The UK'", o icónico disco do Sex Pistols, lançado em 26 de novembro de 1976. "O 'establishment' decidiu que é o momento de o comemorar. Estão a tentar privatizá-lo, empacotá-lo, castrá-lo", declarou Corré, citado pelo jornal The Times. "É o momento de atear fogo nisto tudo".