Com uma medida entre os 10 e os 15 cm, o lagostim-vermelho, um deleite para o paladar dos amantes dos crustáceos, deveria ter ficado confinado aos viveiros.

Não se sabe o motivo da sua presença na floresta de Tiergarten, adjacente ao Portão de Brandemburgo, e em grandes vias comerciais de Berlim Ocidental.

Katrin Koch, da associação ecologista Nabu, suspeita que tenham sido soltos de viveiros "porque perderam o interesse neles" ou por uma superprodução dos "jovens" em explorações privadas.

Lagostins que devoram tudo

Outra possibilidade é que aquariófilos se tenham querido desfazer dos crustáceos. Os amadores "apreciam muito [este tipo de lagostins para os seus aquários], mas na sua maioria não por muito tempo", explica Oliver Coleman, especialista do Museu de História Natural de Berlim, enquanto aponta o dedo para um espécime de cor quase vinho que caminha pelo parque com as suas grandes pinças pontiagudas.

Estes crustáceos têm um apetite voraz. "Comem todas as plantas e em pouco tempo o aquário parece devastado", acrescenta.

Um apetite que, combinado à sua velocidade de reprodução, não pressagia nada de bom.

Em condições normais, estes lagostins costumam manter a cabeça submersa, podendo viver em lagos e lagoas.

As chuvas abundantes deste verão alteraram a quantidade de hidrogénio da água e destruíram as suas tocas, obrigando-os a procurar um novo habitat, explica Dirk Ehlert, porta-voz da direção de assuntos ambientais da cidade de Berlim.

"Ontem juntámos (...) cerca de cinquenta no setor de Tiergarten", explica, acrescentando que exemplares também foram vistos no sudeste e no norte de Berlim. A capital alemã é rodeada de lagos, rios e florestas.

O lagostim-vermelho é originário do México e do sudeste dos Estados Unidos e foi introduzido na Europa com fins comerciais.

Espécie invasora

É considerada uma espécie invasora e prejudicial porque pode afetar "negativamente os ecossistemas aquáticos" em que se implanta, afirma a associação berlinense Nabu.

Além de se reproduzir muito, "come os ovos de peixes e anfíbios", contribuindo assim para dizimar a fauna local e, além disso, é portador de um cogumelo mortal para os seus pares europeus contra o qual está imunizado, detalha a organização.

"Levam a infecção de lago em lago" e é necessário "evitar absolutamente" que colonize os dois rios berlinenses: Esprea e Havel.

Para tentar controlar a propagação dos crustáceos em Berlim, as autoridades contam "sobretudo com os seus inimigos naturais", como a raposa, o guaxinim e a enguia.

Efetivamente, foram introduzidos alguns exemplares nos lagos de Tiergarten, explica Ehlert, lembrando que "a captura de animais selvagens não está autorizada" e seria considerada caça furtiva.