Na primeira exibição do filme no Grande Teatro Lumière do Palácio do Festival, a cortina não estava completamente suspensa sobre a tela e tapava 3/5 da imagem, como por exemplo a cabeça da atriz principal, Tilda Swinton.

Na sala, onde a expectativa era grande para a projeção aguardada e polémica, algumas vaias e aplausos foram registados para alertar os técnicos.

"Isto não foi realmente feito para o cinema", ironizou um espetador em referência à plataforma de streaming, enquanto outro criticava a "incompetência" mostrada.

A exibição foi retomada após oito minutos de interrupção.

Quando o logotipo do Netflix apareceu durante os créditos, algumas pessoas na sala aplaudiram.

Desde o anúncio da seleção de "Okja" e de outro filme produzido pelo Netflix - "The Meyerowitz Stories", do americano Noah Baumbach, que será exibido domingo -, para a mostra oficial de Cannes, a plataforma americana enfrenta a revolta dos defensores das salas de cinema.

O gigante do streaming, que tem 100 milhões de assinantes, não pretende exibir os dois filmes nas salas de cinema francesas. A situação provocou irritação entre os puristas da sétima arte e o circuito de exibição francês.

Pressionados, os organizadores do festival mudaram as regras para exigir, a partir de 2018, que todos os filmes na disputa pela Palma de Ouro se comprometam a ser exibidos nas salas francesas.

Na quarta-feira, o presidente do júri desta edição do festival, o cineasta espanhol Pedro Almodóvar, de 67 anos, voltou a comentar a polémica, afirmando que a Palma de Ouro deveria ser exibida nas salas de cinema.

"Seria um enorme paradoxo que a Palma de Ouro ou qualquer outro prémio entregue a um filme não possa ser assistido nas salas de cinema", disse.

O ator americano Will Smith, membro do júri, teve uma postura mais conciliadora.

"Netflix é útil no meu país porque permite que as pessoas assistam a filmes a que de outra forma nunca teriam acesso", declarou, sem revelar que a sua próxima longa-metragem, "Bright", será produzida pela cada vez mais poderosa plataforma de streaming.

"Okja", filme de fantasia, que será disponibilizado pelo Netflix a partir de 28 de junho, conta a história da amizade entre uma menina e um grande animal, geneticamente modificado, que uma multinacional deseja capturar.

A britânica Tilda Swinton e o americano Jake Gyllenhaal são os protagonistas do segundo filme americano do sul-coreano Bong Joon-ho, depois de "Expresso do Amanhã".

"É um filme muito político sob a aparência de comédia, que fala sobre a forma como são explorados os animais", disse Thierry Frémaux, diretor do festival.

O presidente do Netflix, Reed Hastings, escreveu no Facebook, a semana passada, em plena polémica, que "Okja" é "um filme incrível, cuja participação na competição de Cannes quer ser impedida pelas salas de cinema.

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